Muitos pratos da gastronomia brasileira descendem da colonização portuguesa. A feijoada, o barreado e a moqueca, por exemplo, remetem a pratos como a própria feijoada de lá, o cozido açoriano e a caldeirada, respectivamente. Além deles, alguns doces sofreram modificações ao cruzarem o oceano e viraram tradição no Brasil.

O mais conhecido deles é o quindim, como explica o chef Paulo Cordeiro, proprietário da Doce Fado – Padaria e Doçaria Portuguesa, que conta com três unidade em Curitiba. A receita original é a Brisa do Lis, um doce proveniente da cidade de Leiria, região centro de Portugal. Lá ela é feita com amêndoas, mas quando a família real chegou ao Brasil, não as encontraram e, por isso, inseriram coco como ingrediente, explica.

O chuvisco, famoso no Estado do Rio de Janeiro, foi baseado em receitas como a ambrosia, o papo de anjo e os fios de ovos. Ele é cristalizado e a essência é a mesma, já que os ingredientes básicos também são os ovos e o açúcar. Mas aqui no Brasil é comum encontrá-lo servido submerso em uma calda com nozes, passas ou chocolate, pontua Paulo.

Outros doces famosos por aqui também foram alterados de algum prato típico dos nossos colonizadores. O pudim tradicional, por exemplo, aqui leva leite condensado e lá, em Portugal, é feito somente com leite, ovos e açúcar. Gastronomia é cultura. E eu, que também cruzei o oceano para viver no Brasil, acho incrível perceber como uma mesma receita pode ser transformada de acordo com o ‘ambiente’ onde ela será desenvolvida, completa Paulo Cordeiro.