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Estudo tenta mapear a violência afetiva no namoro gay. (Divulgação)

A violência nos relacionamentos entre homens é alvo de uma pesquisa na área da Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O estudo quer investigara a viabilidade de uma proposta de intervenção coletiva voltada à prevenção secundária, Ou seja, buscar a prevenção da violência em relacionamentos afetivo-sexuais entre homens gays.

O projeto pretender mapear e fortalecer a inteligência emocional das vítimas. E, deste modo, promover relações seguras, horizontais e afirmar positivamente a sexualidade.

Homens gays sofrem mais violência?

Estudos nacionais e internacionais retratam a população jovem lésbica, gay e bissexual com maior risco de experiência de vitimização em violência em relacionamentos afetivo-sexuais comparado com jovens heterossexuais. A mestranda Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da UFSCar Renita de Cássia dos Santos Freitas, responsável pelo estudo explica como estresse como lidam com a situação impacta na autoestima desta população.

“Para homens gays esse estresse adicional acontece por conta de vivências ligadas à orientação sexual, como a expectativa e o medo de rejeição nas situações sociais, a pressão interna e externa para esconder quem se é, o preconceito sofrido no dia a dia e a internalização de forma negativa sobre sua identidade sexual. Nesses casos, pode surgir o que se chama de duplo armário”, conta.

Ela pontua ainda que a primeira dificuldade é assumir publicamente que está em um relacionamento com outro homem. “A segunda é falar que está sofrendo violência nesse relacionamento. Esse silêncio pode trazer culpa, vergonha e medo de ser julgado, além de dificultar a busca por ajuda, seja com amigos, família, profissionais de saúde ou apoio jurídico.”

Participe do estudo e aprenda estratégias

Estão sendo convidados como voluntários da pesquisa homens gays, com 18 anos ou mais, de qualquer região do Brasil, com histórico de violência em relacionamentos afetivo-sexuais – nos mais diversos modelos e formas de se relacionar como, por exemplo, em ficadas sem compromisso, monogâmicos, não monogâmicos, a distância, relações virtuais ou uniões estáveis.

A pesquisa oferece psicoeducação principalmente sobre Inteligência Emocional. Para participar, basta responder ao formulário disponível em https://forms.gle/ZtWZFUbq2snpttpWA. Todas as informações fornecidas no questionário são sigilosas e utilizadas exclusivamente para fins científicos.

Importância da prevenção da violência no namoro gay

A pesquisadora relata que os estudos em Psicologia demonstram que a participação em espaços seguros, seja individual – como na psicoterapia – ou coletivos – grupos terapêuticos – tem diversos benefícios.

“Pode auxiliar a fortalecer a inteligência emocional, a partir do aprendizado sobre emoções para que possa reconhecer e nomeá-las em você e no parceiro, além de entender as razões por trás daquele estado emocional para escolher estratégias de regulação adequadas a favor da manutenção e equilíbrio do relacionamento”,

indica. 

Outro benefício é a possibilidade de “aprender habilidades de relacionamento importantes, como a resolução de conflitos para comunicar incômodos e desconfortos de forma em que os sentimentos e necessidades de ambos sejam respeitados e levados em consideração”.

Outro efeito benéfico, completa a pesquisadora, “diz respeito a aumentar o autoconhecimento e com isso respeitar seus limites, vontades, desejos, bem como compreender as influências que o contexto social tem na forma de moldar como nos relacionamos para encontrar possibilidades que fazem sentido para as pessoas envolvidas a partir de seus interesses conjuntos”.

Esse processo pode, ainda, “disponibilizar informações importantes na busca de auxílio jurídico especializado como nas situações de violação de direitos”.

Sobre o estudo

O trabalho “Prevenção da violência no namoro em homens gays” tem orientação do professor Fabiano Koich Miguel e coorientação da professora Sabrina Mazo D’Affonseca, ambos do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, e conta com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Dúvidas podem ser esclarecidas com Renita Freitas pelo e-mail [email protected].

Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 72094223.0.0000.5504).