Boa notícia para a luta contra o câncer de mama. O Ministério da Saúde divulgou no último dia 23/09 que a mamografia será ampliada no SUS para pacientes entre 40 e 49 anos de idade. A medida tem como objetivo ampliar o diagnóstico da doença.
Especialista em câncer de mama, a oncologista clínica do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), Dra. Fernanda Ronchi, disse que a medida representa um avanço na luta contra a doença.
“Achei uma medida acertada, uma vez que quase 1/4 dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta faixa etária, e quando a doença é descoberta em seus estágios iniciais, as chances de cura chegam a 90%. Portanto, essa ampliação dos diagnósticos para uma nova faixa etária é algo importante”, avalia a médica, que também é professora da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).
A nova diretriz permite que o exame seja feito de maneira sistemática, de rastreio, isto é, mesmo na ausência de sintomas. De acordo com o ministério, essa faixa etária concentra 23% dos casos de câncer de mama, que é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil.
Outubro Rosa
Outubro é o mês que marca a luta pela prevenção e combate ao câncer de mama, o “Outubro Rosa”. A data reforça a importância da conscientização e sobretudo do diagnóstico precoce. De acordo Dra. Fernanda, a mamografia e exames periódicos são importantes aliados na detecção precoce do problema.
“A mamografia, associada ao exame médico anual, é, indiscutivelmente, o melhor método para detecção precoce de tumores na mama. O autoexame não é considerado um método de rastreio, pois a paciente normalmente percebe a lesão em tamanho já maior. Portanto, não deve substituir consultas e mamografia de rotina. No entanto, sempre que você perceber alguma nodulação nova ou estranha na mama, deve consultar um médico especializado”, explica a especialista.
As mulheres devem estar atentas a alguns sintomas específicos, que possam indicar um possível câncer de mama, como por exemplo: nódulos novos na mama, retrações ou assimetrias, inchaços ou vermelhidão, saída de secreção com sangue ou tipo “água”, feridas que não cicatrizam – especialmente no mamilo e dor na mama.
Inovações no tratamento
Os últimos anos foram de avanços significativos para o tratamento do câncer de mama, segundo Dra. Fernanda. “Para os tumores luminais (hormonais), tivemos a chegada dos inibidores de ciclina tanto no cenário de doença localizada, quanto no cenário metastático. São medicamentos orais que auxiliam no bloqueio na multiplicação celular, atuando em conjunto com a hormonioterapia. Para tumores HER -2, chegaram muitas opções de terapia-alvo novas. E por último, no cenário de doença triplo-negativa, tivemos bons resultados da associação da imunoterapia com a quimioterapia. Temos também os chamados anticorpos droga-conjugada, que estão disponíveis para todos os subtipos de tumor, que são anticorpos que ‘entregam’ a quimioterapia com mais eficiência nas células do câncer”, explica a especialista.
Prevenção
Manter um estilo de vida saudável, com prática regular de atividades físicas, alimentação balanceada (longe dos alimentos ultraprocessados) e evitar o cigarro e a bebida alcoólica, são boas maneiras de prevenir o câncer de mama, segundo a médica. “30 minutos de exercício aeróbico 5 vezes por semana, ou 1 hora 3 vezes por semana. Isso ajuda no controle de peso e diminui o risco cardiovascular, além de diminuir em até 60% o risco de câncer (mama, endométrio, cólon). Além disso, é importante manter uma dieta balanceada e colorida, rica em vegetais, frutas e grãos. Deve-se evitar embutidos, carne vermelha em excesso, alimentos ultra processados e refinados e bebidas adocicadas. Por fim, se manter longa do álcool e do cigarro evita vários tipos de câncer, além, é claro, do câncer de mama”, afirma Dra. Fernanda.
Fator psicológico
Receber um diagnóstico de câncer de mama é algo que ninguém está preparado. É uma notícia muito dura, que afeta tanto a paciente quanto seus familiares e pessoas mais próximas. “Ninguém nunca está preparado para isto. Mas devemos ser menos exigentes conosco e se deixar viver as fases do luto após o diagnóstico. Faz parte do processo, e devemos deixar que estas emoções sejam vividas: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Nós, mulheres, sempre queremos ser fortes, mas este é o momento para deixar-se cuidar pela sua rede de apoio. Deixar sentir raiva, revolta, tristeza. Permitir-se não estar disposta nos dias da quimioterapia. Nos locais em que eu trabalho, temos serviços especializados de psicologia para ajudar neste processo. Apesar de todo medo que envolve o diagnóstico e tratamento de câncer, a detecção precoce e pronto início do tratamento tem muito impacto nas chances de cura. Não deixe de procurar ajuda de uma equipe especializada para te acolher e te acompanhar”, aconselha a especialista.