hamburguer de babaçu
Foto: Flavia Bessa

A união entre conhecimentos científicos e tradicionais na Amazônia Maranhense resultou no desenvolvimento de dois novos produtos à base de plantas: o análogo de hambúrguer de babaçu e a farinha de amêndoas. Esses produtos atendem a mercados em crescimento por alimentos naturais e ricos em proteína, aliando nutrição, saúde e sustentabilidade. A inovação surgiu de uma colaboração entre cientistas e quebradeiras de coco da região, e já havia originado outros produtos, como biscoitos, gelados, bebidas tipo leite e análogos de queijo, todos com base no coco babaçu.

O desenvolvimento dos coprodutos contou com a participação das mulheres de várias associações e cooperativas locais, como a Cooperativa Mista da Agricultura Familiar e do Extrativismo do Babaçu (Coomavi), em Itapecuru-Mirim, e a Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha, entre outras. Pesquisadores da Embrapa Maranhão, Embrapa Agroindústria Tropical, Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com a Rede ILPF e apoio da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), foram fundamentais para o projeto.

O objetivo foi valorizar o trabalho das quebradeiras de coco e promover a diversificação dos coprodutos do babaçu, transformando o bagaço da amêndoa – antes um resíduo – em farinha, que agora serve de base para produtos como hambúrgueres, biscoitos, pães, bolos e sorvetes. Essa inovação gerou novas oportunidades econômicas para as comunidades envolvidas e atendeu a uma demanda crescente por produtos associados à identidade sociocultural e dietas restritivas, como aquelas sem glúten e lactose.

A pesquisadora Guilhermina Cayres, líder do projeto, destacou que o desenvolvimento desses novos alimentos levou em consideração as práticas tradicionais das quebradeiras de coco e as condições específicas das agroindústrias comunitárias, com melhorias nas práticas de processamento, segurança alimentar e aceitação sensorial dos produtos. A pesquisa promoveu a interação entre conhecimentos técnicos e tradicionais, valorizando a sociobiodiversidade, gerando inclusão produtiva e destacando o Maranhão como referência em bioeconomia e uso sustentável de seus recursos.

Recepção do babaçu pelos consumidores

Os novos produtos à base de babaçu passaram por uma série de testes para garantir que atendem às exigências do mercado alimentício, como nutrição, saúde, qualidade, segurança alimentar e a valorização da cultura regional. Além disso, foram submetidos a análises sensoriais, que são fundamentais para avaliar a aceitação do consumidor e garantir a qualidade do produto. A qualidade dos alimentos foi analisada em três aspectos principais: microbiológico, nutricional e sensorial.

O aspecto sensorial, que envolve as características perceptíveis aos sentidos humanos, como cor, aparência, consistência, textura, aroma e sabor, é especialmente importante, pois é o que mais atrai o consumidor ao escolher um produto. Como explica a engenheira de alimentos Glória Bandeira, professora da UFMA, a análise sensorial é crucial em várias situações, como no desenvolvimento de novos produtos, na comparação com produtos concorrentes ou na modificação de fórmulas e processos. Para os alimentos do babaçu, foram realizadas análises físico-químicas, microbiológicas e nutricionais, além de um estudo de vida útil dos produtos.

A pesquisa também envolveu a participação dos alunos do curso de Gastronomia do IEMA, que degustaram e avaliaram os produtos. Todos os testes sensoriais realizados indicaram que os produtos atenderam aos critérios de qualidade e foram aprovados para comercialização. O professor Paulo Sousa, da UFC, destacou que a análise sensorial não só busca avaliar a aceitação do produto pelos consumidores, mas também identificar possíveis ajustes antes que o produto seja lançado no mercado, garantindo sua aceitação e sucesso.