escola
Foto: Nathalia Sgoda

O fim do ano é marcado por algumas decisões que podem afetar consideravelmente os meses e anos seguintes. Uma delas é a escola do filho. E quais os melhores critérios para essa escolha tão importante?

“Tomar a decisão correta pode fazer a diferença em todo o processo escolar do seu filho, até a universidade. Não deixe que esse momento seja influenciado por fatores secundários. Pare, pense, observe, questione. Isso irá ajudar na decisão! Dessa maneira, você poderá ajudá-lo a gostar de aprender tanto na escola quanto na vida, além de evitar traumas que podem marcar uma vida”, sugere a pedagoga Marianna Canova.

Autora do e-book “Qual a melhor escola para meu filho?”, Marianna, que também é mestre em Educação e diretora do Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil recomenda conhecer as propostas pedagógicas das escolas que estão sendo consideradas pelos pais.

Mas por que a abordagem pedagógica da escola é tão importante? Porque ela irá influenciar na forma de ensinar e em vários aspectos do dia a dia escolar. Veja abaixo um resumo de algumas das principais metodologias educacionais utilizadas hoje no Brasil, com comentários da pedagoga:

Construtivista
Baseado principalmente em Jean Piaget, compreende que a aprendizagem ocorre pelo desenvolvimento natural da criança. “Nessa abordagem, entende-se que a criança consegue aprender no seu próprio tempo, com autonomia, sem toda a intermediação de um professor típica das escolas mais tradicionais”, explica a pedagoga. Nessa linha, a descoberta é mais importante do que alcançar metas ou prazos.

Democrática
A escola democrática entende que a criança possui liberdade de escolha e definição do que pode aprender. “Muitas já não possuem salas físicas com aulas expositivas e os projetos desenvolvidos em grupo e/ou individualmente são o eixo de sustentação”, exemplifica a profissional. Um grupo pode ter crianças de várias idades. Um exemplo forte é a Escola da Ponte, em Portugal, famosa por sua metodologia e autonomia dos alunos.

Freiriana
Baseada no pensamento do brasileiro Paulo Freire, a metodologia sempre buscou desenvolver cidadãos pensantes. “Ela não descarta a importância das vivências, cultura e realidade que o aluno vive e acredita que sua evolução possa contribuir com a sociedade”, pontua Marianna. Parte da realidade em que o aluno vive e acredita que o professor precisa desenvolver a confiança de cada aluno para que esse se perceba capaz e aprenda cada vez mais.

Freinet
A escola Freinetiana é baseada no francês Celestin Freinet e compreende que a criança é um ser crítico, capaz e que possui suas próprias ideias. Aposta no aprendizado em grupos, vivências ao ar livre e no debate, sempre com a construção conjunta do conhecimento.

Montessoriana
Desenvolvida pela médica educadora italiana Maria Montessori, essa metodologia compreende que a criança precisa de autonomia para percorrer o aprendizado. “Entende que a criança necessita observar e perceber seus próprios erros e aprender com eles”, explica Marianna. O uso de atividades manuais é constante e o professor é bastante observador para perceber a evolução de cada criança.

Optimism
Essa é uma metodologia espanhola que, aos poucos, está chegando ao Brasil. Volta um olhar mais individualizado para a criança, e defende professores capacitados para isso. “Nessa linha, a criança precisa estar preparada para aprender e o professor necessita ter um olhar individual sobre o amadurecimento e abertura de aprendizagem de cada um”, salienta a pedagoga. Em algumas escolas, a educação é separada por sexo, pois, segundo essa teoria, homens e mulheres aprendem de forma diferenciada.

Tradicional – Conteudista
Nas abordagens mais tradicionais, a escuta e a autonomia da criança não são valores tão importantes. O professor, detentor do conhecimento, leva temas, descreve um conteúdo e ensina a todos a desenhar um objeto da mesma forma. Caso uma criança faça de outra maneira, isso é considerado “errado”. É comum que a disposição das salas use mesas, com um aluno atrás do outro, e o professor à frente, como direcionador.

Waldorf
A escola Waldorf é considerada a mais alternativa e naturalista de todas. Idealizada pelo austríaco Rudolf Steiner, condena o uso de tecnologia e materiais não naturais, como brinquedos prontos e a televisão. “Por meio de canções, arte, atividades manuais e ludicidade, compreende que a pessoa se desenvolve pelos chamados “setênios”. Ou seja, a cada 7 anos, há uma grande mudança emocional e corporal”, explica Marianna.

Reggio Emilia
Inspirada em cerca de 16 autores e organizada pelo pedagogo Lóris Malaguzzi, essa metodologia traz um “mix” do que cada autor tem de melhor. Desenvolvida no norte da Itália após a Segunda Guerra Mundial, tem a intenção de oportunizar a evolução a cada geração. Compreende que a criança é um ser competente e que propostas inteligentes o auxiliam em seu desenvolvimento evolutivo. Princípios estéticos e artísticos, além do pensamento crítico e do papel diferenciado do professor norteiam essa teoria.

Emmi Pikler
Abordagem para crianças de até 3 anos de idade que tem como princípios a motricidade livre, os cuidados individuais e o brincar livre. Revolucionou a forma de olhar para os bebês e as crianças bem pequenas, que normalmente eram vistos como “tubos digestivos”, ou seja, requeriam apenas alimento e trocas de fralda. Oportuniza o desenvolvimento de crianças mais seguras e tranquilas.

“Não raro você encontrará escolas que dizem possuir várias metodologias. Concordo que muitas podem se completar, mas o importante é perceber a essência de cada uma. Se uma escola se diz Construtivista e você percebe excesso de atividades prontas, como fotocópias, desconfie. O mesmo se percebe se uma escola dita Waldorf tem muitos brinquedos de plástico. O ideal é definir qual metodologia tem mais relação com seu filho e sua família e aprofundar os estudos na metodologia, para então perceber se o que a escola apresenta é a realidade do dia a dia”, alerta a pedagoga.

Em meio a tantas linhas, o mais importante é que a criança se sinta parte da escola onde estuda. “Ela precisa ser um espaço seguro em que a criança vive diferentes sentimentos e aprende por meio da socialização e da descoberta. Ela percebe que faz parte de uma pequena sociedade chamada escola”, salienta a pedagoga.

“Não sabemos como o mundo estará daqui a 20 anos, mas temos ciência de que desenvolvimento de autonomia, construção do pensamento, habilidades socioemocionais e vínculo positivo com a aprendizagem sustentam um ser humano pleno e disponível para os desafios do mundo. A escola será sua parceira nesse desafio chamado educação. Portanto, é fundamental que a escolha da escola tenha a devida atenção”, finaliza.

Sobre a escola

O Peixinho Dourado acredita na educação infantil como um lugar de descobertas e foi a primeira escola de muitas gerações desde 1980. Com uma abordagem criativa, com foco nas investigações, experiências e no desenvolvimento de autonomia e relações, a escola e o berçário são referência nacional nas abordagens Reggio Emília e Pikler, respectivamente. Com sede no Alto da XV em Curitiba, recebe e acolhe crianças de 4 meses a 6 anos em um ambiente tão estimulante quanto seguro, com ateliês e espaços que incentivam o pertencimento e as descobertas. Por meio do cuidado atencioso, alimentação saudável e liberdade de transitar entre assuntos que despertam a curiosidade típica das crianças, o dia a dia no Peixinho é repleto de crescimento para todas as idades.