As doenças da tireoide acometem mais de 300 milhões de pessoas pelo mundo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Com o objetivo de contribuir para alertar a população sobre este mal, o Laboratório Frischmann Aisengart realizou um estudo inédito sobre a prevalência de algumas doenças da tireoide na população feminina de Curitiba. A análise foi feita entre janeiro e abril de 2013, e foram analisados exames de 104.466 pacientes.
Os dados apresentados foram coletados de mulheres que estiveram no laboratório para investigar a função da glândula. Ou seja, essa parcela de pacientes estava realizando exames de rotina ou já apresentavam pré-disposição, suspeita ou algum grau sabidamente de disfunção da tireoide.
Do total de amostras de mulheres que realizaram avaliação da tireoide no Laboratório Frischmann Aisengart, a incidência de 72% de análises de mulheres adultas, de 14 a 60 anos, sugere uma maior suspeição dos médicos do diagnóstico de alterações da função da glândula nesta faixa etária.

A análise dos dados mostrou que os valores de TSH foram encontrados acima do considerado dentro da normalidade em 6,7% das mulheres avaliadas, sendo que a faixa etária entre 14 e 60 anos mostrou o maior índice (4,45%). Em idosas com mais de 60 anos a incidência foi de 2%. Já para crianças e pré-adolescentes de até 14 anos os valores de TSH encontrados acima da normalidade foram de apenas 0,25%. Do total de exames de todas as faixas etárias, 87,7% tiveram resultados considerados normais.
A tireoide é uma glândula endócrina, isto é, que produz hormônios. Ela se localiza na parte anterior do pescoço. Os principais hormônios produzidos pela tireoide são o T3 triiodotironina, e, principalmente, o T4 ou tiroxina. Para que esses sejam produzidos em quantidade suficiente, a tireoide é estimulada por um hormônio produzido por outra glândula, a hipófise, que se localiza na base do cérebro.
 Por ter este efeito estimulatório, esse hormônio se chama, exatamente Hormônio Estimulador da Tireoide e é conhecido pela sigla TSH (do inglês Thyroid Stimulating Hormone).
Esses hormônios, em condições normais, controlam-se mutuamente. Se a produção de T3 e T4 pela tireoide diminui, o TSH aumenta para que o nível desses hormônios se mantenha estável. Por outro lado, quando a produção de T3 e T4 aumenta, o TSH cai para a produção voltar ao normal. Assim, os níveis de todos os hormônios são mantidos dentro de um uma faixa de valores considerada normal e oscilações periódicas dentro desta faixa são esperadas para que se mantenha o equilíbrio entre estes hormônios. No entanto, quando há algum fator ou doença que leve a um desequilíbrio desse controle, esses hormônios alteram-se no sangue. Como o TSH reflete melhor as disfunções tireoidianas é ele o mais solicitado pelos médicos quando querem avaliar o funcionamento da tireoide.
 
As doenças da tireoide podem aparecer em todas as idades, inclusive nos recém-nascidos, crianças e adolescentes. A presença dos autoanticorpos antiperoxidase tireoidiana (ATPO) no sangue serve para identificar pacientes com doença autoimune tireoidiana, a causa mais frequente de disfunção da glândula (hipo ou hipertireoidismo).
O esclarecimento diagnóstico é feito pela história clínica (anamnese), exame físico realizado pelo médico e exames complementares específicos. A ultrassonografia também pode ser utilizada. Nos recém-nascidos, o teste de triagem neonatal, conhecido como teste do pezinho, é realizado nos primeiros dias após o nascimento. Com este teste pode-se diagnosticar o hipotireoidismo congênito, além de outras doenças.
 Nos adultos, a comunidade médica recomenda que pessoas acima de 35 anos tenham o seu TSH dosado a cada cinco anos, no mínimo.

No hipotireoidismo a produção dos hormônios tireoidianos está diminuída e, de modo geral, as funções do organismo tornam-se mais lentas. São pessoas que podem apresentar desânimo, sonolência, sentem mais frio do que as demais, diminuição da memória, câimbras, edema (inchaço), anemia, colesterol alto, queda de cabelos, unhas fracas, pele seca e constipação intestinal, entre outros sintomas.
Ao contrário, no hipertireoidismo ocorre aumento da produção hormonal e o corpo funciona de forma acelerada. Isto se manifesta por meio de nervosismo, palpitações, pele quente e com sudorese, tremores das mãos, aumento do apetite com perda de peso e aumento das evacuações, entre outras.
O tratamento do hipotireoidismo é feito com a reposição de hormônio tireoidiano, iniciando-se com doses pequenas até atingir uma dose que é individualizada para cada pessoa. O hipertireoidismo pode ser tratado com medicações que diminuem a produção dos hormônios tireoidianos, como iodo radioativo, ou com cirurgia. Os portadores de nódulos devem ser acompanhados periodicamente por meio de exames complementares e/ou submetidos a um procedimento cirúrgico para retirada de toda ou parte da tireoide.

Mauro Scharf, diretor médico e endocrinologista do Laboratório Frischmann Aisengart