É possível viajar pela Barcelona feudal do século 14. O primeiro caminho é o best seller “A Catedral do Mar” (Editora Rocco), do catalão Ildefonso Falcones. Publicado em 2006, o livro vendeu 1,5 milhão de exemplares apenas na Espanha – e foi divulgado em 15 países. No Brasil, é lançado pelo autor na Bienal do Livro do Rio, que acontece esta semana.

O segundo caminho deve ser percorrido lá em Barcelona e, de preferência, durante ou após a leitura do romance histórico. Trata-se da rota literária que leva turistas aos cenários do livro – a Igreja Santa María del Mar é o principal. A época da construção da basílica inspirou o autor para ambientar a história do protagonista, Arnau Estanyol, um servo que foge para Barcelona em busca de liberdade.

Mais do que acompanhar as emoções do romance, o itinerário mostra diferentes aspectos da história e da arquitetura da cidade, especialmente do Bairro Gótico. A tradutora do best seller, Cristina Cavalcanti, fez o roteiro e garante: “quem visitar a cidade depois de ler o livro certamente enxergará o Bairro Gótico com olhos mais aguçados.”

A ida a Barcelona estava nos planos de Cristina antes mesmo desse trabalho, mas ela só viajou quando a tradução já estava adiantada. “As cenas da cidade fervilhando de gente e os pormenores da construção da Igreja Santa María del Mar me deixaram curiosa. Achei que seria divertido comparar minha imaginação com o real”, conta. Depois do passeio, Cristina decidiu revisar alguns trechos.

Aliás, foi o próprio Ildefonso Falcones que sugeriu o tour. “Quando pedi para me indicar alguns prédios semelhantes aos que ele descreve no livro, ele me disse para fazer a rota.” A visita à Santa María del Mar é o ponto alto do itinerário. Além dela, os turistas passam por ruas onde transitam os personagens, como a Carrer de L’Argenteria, e as principais praças onde se desenrolava a vida em Barcelona, entre elas, a Plaza del Rey e a Sant Jaume.

As empresas Itinera Plus (www.itineraplus.com) e Icono (www iconoserveis.com) operam o roteiro, que tem duração de duas horas e meia. Custa 13 (R$ 35). A rota é percorrida aos domingos às 10 horas.

O Caminho

Conhecida como a catedral do povo, Santa María del Mar foi construída pelos moradores do Barrio de la Ribeira, um bairro de pescadores, em homenagem à padroeira dos marinheiros. Como o protagonista Arnau, outros vizinhos carregaram nas costas as pedras de Montjuïc, que deram forma à igreja.

A basílica é o primeiro exemplo do estilo gótico catalão. No interior, tudo foi bem calculado: a distância entre as 16 colunas octogonais que sustentam o teto é idêntica; as duas naves laterais medem exatamente a metade da nave central; e a largura e a altura total coincidem.

“O livro descreve o projeto do templo, as proporções arquitetônicas e a maneira como a luz foi utilizada”, lembra Cristina. “Quando se entra na igreja, todas as descrições do livro ganham sentido e todos os detalhes saltam à vista.”

Outro destaque do itinerário é o cruzamento das ruas (Carrer, em catalão) Canvis Nous e Canvis Vells, que significam câmbio velho e câmbio novo. Era a região onde trabalhavam os cambistas. Arnau estabeleceu ali a sua mesa de trabalho.

Na Carrer de Montcada, via onde moravam os mais nobres da cidade turistas conhecem o palácio medieval que Arnau confiscou para cobrar uma dívida. “É uma construção de pedra muito elegante, que atualmente abriga o Museu Picasso”, revela Cristina. Veja detalhes do livro no site www.acatedraldomar.com.br.