
O Brasil vive momentos de grande apreensão com o crescimento do número de casos de contaminação por metanol – álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, sendo altamente perigoso à saúde quando ingerido.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil já tem 16 casos confirmados e outros 209 suspeitos de pessoas que ingeriram bebida alcoólicas com a substância. Em Curitiba, já são 2 casos confirmados, de um homem de 60 anos e outro de 71, ambos hospitalizados em estado grave.
Quando ingerido, o metanol ataca inicialmente o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Além disso, pode provocar também insuficiência pulmonar e renal. O oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Dr. Carlos Augusto Moreira Júnior, faz um alerta sobre os perigos da substância para a visão.
“A intoxicação por metanol pode levar à cegueira, porque, quando ingerido, ele vai ser metabolizado no fígado e vai acabar criando um veneno chamado ácido fórmico que vai impedir a respiração celular, especialmente do nervo óptico e da retina, que são mais sensíveis. Então, essas pessoas intoxicadas são envenenadas pelo ácido fórmico, que é um subproduto do metanol, e passam a ter como se fosse uma oclusão arterial, uma falta de oxigenação do nervo óptico e da retina. Isto é muito rápido, acontece em 24 horas praticamente”, alerta o especialista.
Tratamento
O oftalmologista diz que as pessoas que apresentarem perda visual após ingerirem bebida alcoólica, devem procurar atendimento médico imediatamente. “O tratamento pode ser feito com um antídoto, que é o fomepizol, mas nem sempre existe isso, ou então fazer uma diálise renal. A diálise vai tirar os produtos tóxicos do metanol. Além disso, o ácido folínico é interessante porque ele compete com o ácido fórmico e impede a toxicidade tão grande do ácido fórmico.
De uma forma geral, até o etanol farmacêutico, ele também vai ajudar, mas claro, o ideal é procurar um hospital que esteja credenciado para tratar esse problema”, aconselha o especialista.