No dia 10 de janeiro de 2025, o Brasil foi marcado por três trágicos acidentes elétricos. Em Planaltina, no Distrito Federal, um homem de 62 anos perdeu a vida após sofrer um choque elétrico no Vale do Amanhecer. No mesmo dia, em Boa Vista do Incra (RS), Adrian Silveira da Costa, de 23 anos, também faleceu após manusear uma extensão de energia elétrica. Já na madrugada de 11 de janeiro, por volta das 00h20, um homem de 46 anos morreu após receber uma descarga elétrica na comunidade de Campo das Flores, em Imbuia (SC).
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Esses trágicos incidentes são reflexo de um problema crescente no Brasil: o aumento de acidentes elétricos, que continuam a subir. Segundo dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o número de acidentes aumentou 11,6% em 2024 em comparação com o ano anterior, totalizando 2.373 ocorrências. O número de fatalidades subiu de 674 para 759, um aumento de 12,6%, enquanto os incêndios causados por sobrecarga elétrica, que já eram uma grande preocupação, tiveram um aumento alarmante de 23,5%, de 963 para 1.205 casos.
Apesar disso, há aspectos positivos no cenário: o número de mortes em incêndios caiu 25,4% e os acidentes causados por raios diminuíram 35%. No entanto, as ocorrências de choques elétricos continuam a ser uma grande preocupação, já que ainda representam a maior parte das fatalidades.
O engenheiro eletricista Fábio Amaral, sócio-diretor da Engerey Painéis Elétricos, destaca a importância de seguir as normas de segurança e realizar a manutenção adequada das instalações elétricas. Segundo ele, o uso de dispositivos de proteção e a inspeção regular das instalações são fundamentais para prevenir acidentes. “A negligência na manutenção e o uso de equipamentos de baixa qualidade são os principais fatores que causam choques e incêndios. Tanto residências quanto empresas precisam adotar práticas rigorosas para garantir a segurança elétrica”, alerta Amaral.
Em busca de soluções, Amaral enfatiza a prevenção como a chave para evitar tragédias. Ele aponta o uso de dispositivos de proteção em painéis elétricos, como o Dispositivo Diferencial Residual (DR), que desliga automaticamente a corrente elétrica em caso de fuga de energia, como uma medida crucial para salvar vidas. No Brasil, apenas 27% das residências possuem esse dispositivo, o que revela uma grande falta de conscientização sobre o risco.
Amaral também aponta que muitas casas não têm um sistema de elétrica dimensionado adequadamente para lidar com o aumento de carga nos últimos anos, principalmente com a modernização de aparelhos e dispositivos. Muitas vezes, os sistemas elétricos não foram atualizados, o que pode levar a sobrecargas e até a riscos de curto-circuito. “É fundamental que as instalações sejam revisadas por profissionais habilitados para garantir a segurança de todos”, recomenda.
A Engerey, com mais de 20 anos de experiência, defende a educação contínua para profissionais do setor elétrico e destaca a importância de realizar manutenção preventiva e instalar dispositivos de segurança nas instalações elétricas, tanto em residências quanto em empresas.
Além disso, o estudo da Abracopel oferece dicas práticas para evitar acidentes, como:
- Manter as instalações elétricas em boas condições.
- Evitar o uso de fios danificados e proteções inadequadas.
- Proteger crianças de tomadas e fios expostos.
- Evitar o uso contínuo de “Ts” ou extensões.
- Manter uma distância segura de postes e torres de alta tensão.
Essas simples ações podem prevenir tragédias que muitas vezes são evitáveis com medidas de precaução adequadas.
Acidentes por região
O estudo também revelou os números de acidentes e mortes por região no Brasil:
- Nordeste: 598 acidentes e 287 mortes (268 por choque elétrico e 19 por incêndios), com 19 ocorrências de raios sem fatalidades.
- Sudeste: 592 acidentes e 152 mortes (141 por choque elétrico, 8 por incêndios e 5 por raios).
- Centro-Oeste: 320 acidentes e 121 mortes (104 por choque elétrico, 11 por incêndios e 6 por raios).
- Sul: 557 acidentes e 150 mortes (134 por choque elétrico, 9 por incêndios e 7 por raios).
- Norte: 306 acidentes e 128 mortes (112 por choque elétrico, 3 por incêndios e 13 por raios).
O estado com mais ocorrências de acidentes elétricos foi São Paulo, com 252 casos, seguido por Paraná (216) e Minas Gerais (184). Em relação aos choques elétricos, São Paulo também lidera com 93 ocorrências, seguido por Bahia (88), Santa Catarina (83) e Paraná (81). A região Sul, especialmente o Paraná, apresenta um aumento preocupante nos acidentes elétricos, o que serve como um alerta para as autoridades e para a população.
A conscientização sobre os riscos e a prevenção são essenciais para reduzir os números de acidentes e mortes, protegendo vidas e garantindo a segurança elétrica no país.