
O Paraná fechou o ano de 2024 com 84,7% dos domicílios em situação de segurança alimentar, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A proporção de casas em situação de insegurança caiu de 17,9% em 2023 para 15,3% em 2024, uma redução de 2,6 pontos percentuais. Na prática, significa que 3,71 milhões de moradias tiveram acesso adequado à alimentação, 153 mil a mais do que no ano anterior. Hoje, cerca de 9,9 milhões de paranaenses têm garantido o acesso a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, enquanto 1,9 milhão ainda vivem algum grau de restrição.
Entre os domicílios que ainda enfrentam algum grau de restrição alimentar, 11% estão em nível leve, 2,3% em moderado e 1,9% em grave. No recorte populacional, 9,92 milhões de paranaenses têm acesso garantido a alimentos em quantidade e qualidade suficientes, contra 1,9 milhão que permanecem em situação de restrição.
No Brasil, 24,2% dos lares ainda enfrentam algum nível de insegurança alimentar em 2024. Os índices mais altos estão nos estados:
Pará (44,6%)
Roraima (43,6%)
Amazonas (38,9%)
Já os casos mais graves se concentram :
Amapá (9,3%)
Amazonas (7,2%)
Pará (7%)
Segurança alimentar: programas
Desde 2019, o Governo do Paraná tem ampliado programas para garantir a segurança alimentar, especialmente entre os mais vulneráveis. Uma das iniciativas mais emblemáticas é o Banco de Alimentos Comida Boa, programa que distribui alimentos excedentes da Ceasa-PR em condição adequada de consumo, como frutas e verduras, que são minimamente processados, embalados a vácuo e repassados diretamente a famílias ou instituições assistenciais parceiras.
O programa Mais Merenda, adotado desde 2020, oferta aos estudantes das escolas estaduais três refeições por período. Outras ações incluem o Cartão Comida Boa, que garante recurso mensal para que famílias em situação de vulnerabilidade social adquiram alimentos, enquanto o Compra Direta Paraná abastece entidades socioassistenciais. Essas iniciativas estimulam a economia regional com compras de agricultores familiares, que também recebem incentivo de gestão, produção e comercialização por meio do Coopera Paraná.
Em 2024, o Estado lançou o IV Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (2024-2027). O documento estabelece diretrizes para um sistema alimentar sustentável e agroecológico, com foco no fortalecimento da agricultura familiar, na valorização dos circuitos curtos de comercialização, no combate ao desperdício de alimentos e no respeito aos hábitos alimentares da população.
Metodologia do estudo
O estudo considera em segurança alimentar os domicílios em que todas as pessoas têm acesso regular a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e sem comprometer outras necessidades básicas. O levantamento considera em situação de insegurança alimentar os domicílios em que houve, nos três meses anteriores à coleta, preocupação com a falta de alimentos, redução da qualidade ou da quantidade das refeições, ou até mesmo a vivência da fome.
A classificação da insegurança alimentar é dividida em três níveis: leve, moderada e grave.
O nível leve ocorre quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade.
O nível moderado caracteriza-se pela redução da qualidade e da quantidade de alimentos entre adultos.
Já o nível grave envolve a redução da qualidade e da quantidade de alimentos também entre crianças e adolescentes.
PESQUISA
PNAD Contínua acompanha, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo sobre o comportamento da economia e das condições sociais brasileiras. O suplemento sobre segurança alimentar é uma das principais fontes de informação para avaliar o acesso da população à alimentação no País. Os dados completos em nível nacional e estadual podem ser consultados no Sidra, o banco de dados do IBGE.
Apesar dos avanços significativos na segurança alimentar no Paraná, diversos fatores podem comprometer esses índices positivos. A inflação de alimentos é um dos principais desafios, em 2024, os preços dos alimentos e bebidas registraram uma alta média de 7,69%, segundo dados do IBGE. Esse aumento foi impulsionado especialmente pela elevação nos preços de itens como carnes (20,84%), café moído (39,60%), leite (18,83%) e frutas (12,12%) . Esse cenário impacta principalmente as famílias mais vulneráveis, que podem ser forçadas a reduzir a qualidade ou a quantidade das refeições para manter o acesso à alimentação.