Pompéia – patrimônio universal

Uma tarefa importante para o futuro imediato de Pompéia foi a história das escavações

Dayse Regina Ferreira

Apesar das centenas de livros escritos sobre Pompéia, uma grande parte das escavações ainda não foram realizadas, e as que foram feitas, não foram objeto de publicações científicas.
Sempre foi tomada como exemplo desse caso a grande necrópole de Porta Nocera, descoberta entre 1953 e 1956, dividida ao longo de uma rota extra-muros, que conduzida à cidade vizinha de Nocera. Assim como a pequena via Apia, oferece uma incrível variedade de monumentos funerários, com tumbas em altar, em arcadas, repositórios de arte e cultura de uma época.
É lá que está o túmulo de Eumachia, o maior e mais famoso de Pompéia, construído pela mulher mais célebre de Pompéia, na época Julio-Cláudio. Filha de Lucius Eumachius, produtor de vinho exportado para a Provença e a África do Norte,proprietário de cerâmicas e tijolos, casado na família dos Numistri, os quais eram donos de metado de Hirpinia, Eumachia, sacerdotisa pública, ligou seu nome ao monumental edifício que fica no ângulo sudeste do Fórum.  Ao lado de sua tumba, na imensa necrópole, estavam banqueiros, magistrados, membros da média e alta sociedade, todos querendo contar, graças às inscrições e à arquitetura dos seus monumentos funerários, um nova capítulo na história da cidade.

Uma tarefa importante para o futuro imediato de Pompéia foi a história que as escavações e pesquisas puderam encontrar, já que a cidade romana tem um atrativo bem paupável: encontrar intactos, debaixo das cinzas, as manifestações do dia a dia, interrompidas subitamente, com a rápida descida das lavas. O que mostrou ao mundo a vida movimentada nas casas de 79 antes de Jesus Cristo.Um privilégio para os arqueólogos. Pompéia, no coração de uma região onde gregos, etruscos, sanitos, romanos  criaram o essencial da história do mundo. A técnica e o talento dos pintores que trabalharam em Pompéia não têm rivais. As cinzas conservaram as cores fortes, onde o vermelho predomina. Charretes de campo, idealizadas para serem puxadas por bois, vinhedos cortados de estradinhas por onde passavam os carros, como provam as marcas no caminho, correspondendo exatamente à largura das rodas da charrete encontrada nas portas da cidade, tudo mostra a natureza, o momento econômico da cidade. O território de Pompeia, como o de Herculanum , Estábia e toda a região do Vesúvio, guardam monumentos a serem conservados, admirados, restaurados, estudados, para proteger a Antiguidade, essa herança universal.

A ETERNIDADE DEBAIXO DAS CINZAS
Foi em 24 de agosto do ano 79 depois de Cristo, que os cidadãos da romana Pompéia encontraram a eternidade, quando as lavas do Vesúvio invadiram a região.
Há dias a lendária cratera do vulcão anunciava o perigo. Mas poucos deram atenção aos sinais da natureza.
Pompéia dista apenas  1,5 quilômetros do sopé do vulcão, mas as cinzas e os gazes que invadiram a cidade mataram mais de dez mil pessoas, ou seja, metade da população local na época. E foram as cinzas, que se acumularam rapidamente, as responsáveis pela sedimentação de Pompéia, fazendo a cidade dormir durante dois mil anos, à espera de ser redescoberta pelas modernas escavações.
Porto importante de comércio, concentração de artesãos e artistas das cidades vizinhas – como Estábia e Herculano –Pompéia dista apenas 25 quilômetros de Nápoles.
Lá, tudo parou no tempo: casas, objetos de arte, pessoas ficaram cristalizadas durante dois milênios, o que transformou a cidade em um dos mais importantes sítios arqueológicos da humanidade.
E foi por acaso que as ruínas foram descobertas, em 1700, quando o arquiteto Domenico Fontana realizava trabalhos na região do vale Sarno.Escavando alicerces para residências, os trabalhadores encontraram inscrições do império romanao e, no primeiro lugar escavado, descobriram um anfiteatro tomano. Só que ninguém imaginava que ali existia toda uma cidade sepultada. As escavações só foram retomadas em 1748. E despois de duzentos anos, quatro quintos da cidade começaram a serem visitados. A cada dia uma nova história é escrita, com a leitura de centenas de inscrições e a descoberta de novos objetos.

 

UMA LONGA HISTÓRIA
Fundada por um povo de origem itálica, por volta de 100 anos antes de Cristo, a cidade sofreu influências nas artes e na arquitetura dos gregos e dos etruscos. Foi no ano 80 antes de Cristo que a cidade passou a ser colônia romana, com o nome Colônia Veneria Cornelia Pompeii – homenagem à deusa Venus e ao imperador romano Lucius Cornelius Sulla, conhecido por Sila. Foi ele quem  expulsou a maioria da população das cidades de Pompéia, Herculano e Estábia, para a chegada dos colonizadores, que construíram templos a Mercúrio, Vênus e Apolo, transformando a cidade em um importante centro comercial, político e religioso. A boa localização, a beleza natural e o clima fizeram de Pompéia um refúgio para personalidades e políticos do Império Romano. Na época os terraços das casas davam para a praia do mar Tirreno. Hoje, por causa das lavas, o Tirreno ficou a dois quilômetros de distância. Água encanada em canos de chumbo, grandes pátios internos (atrium), dois teatros, templos, um anfiteatro e três termas públicas, além de tavernas, faziam a vida mais confortável para todos. Cercada por altas muralhas num perímetro de três quilômetros, com oito portas que davam para as vias de acesso às cidades vizinhas – Vesúvio, Herculano, Marina, Estábia, Nocera, Sarno, Nola e Cápua – Pompéia tinha cerca de 60% de seus habitantes formados por homens livre e 40% de escravos, trazidos do Oriente, que trabalhavam como mineiros, domésticos ou como professores e médicos, com direito a comprar a liberdade com os anos de trabalho. O Fórum centralizava as atividades políticas, econômicas e religiosas. O comércio intenso era baseado em vinho, azeite de oliva, cereais, exportação de pedra de moinho, molho de peixe, perfumes e tecidos. Um dos vestígios de tanta agitação é a marca deixada pelos carros de tração animal nas ruas pavimentadas com blocos feitos de lava.
O turista que visita Pompéia não vai encontrar tudo o que foi descoberto por lá: parte dos objetos está no Museu Nacional Arqueológico de Nápoles, na praça Cavour. O restante está nos dois principais depósitos da cidade: o Antiquarium e o Horreum.

VILA DOS MISTÉRIOS
Um pouco fora do perímetro urbano de Pompéia fica uma das principais casas luxuosas da época, a Vila dos Mistérios, construída a partir de um átrio central com vários quartos e terraços cobertos. A grande atração são as paredes cobertas de afrescos e mosaicos, os mais bem conservados da região. Celeiros e estábulos da fazenda e os locais das hortas e pomares ainda podem ser vistos. A arte dos afrescos começou muito antes de Pompéia se tornar colônia romana. Eram trabalhos com incrustações  ou pinturas que imitavam revestimentos de mármore colorido. Antes da era cristã surgiram as paisagens pintadas, dando ilusão de profundidade. No século 1 depois de Cristo, começaram as pinturas com motivos fantásticos, irreais, fechando o ciclo de estilos que ornamentam casas e templos.

COMO VISITAR
Reserve pelo menos um dia inteiro para visitar Pompéia, para as longas caminhadas que levam à descoberta de seus mistérios. Em Nápoles, na estação da praça Garibaldi, existem duas linhas ferroviárias que levam para a cidade arqueológica. Nas plataformas dos trens locais uma das linhas demora 50 minutos para chegar até a estação ao lado moderno de Pompéia. Dali se vai a pé ou de ônibus nos dois quilômetros que separam a entrada da Pompéia moderna e da antiga. A segunda linha é a Circumvesuviana que, em menos tempo, deixa o turista na estação de Pompei Scavi, na extremidade da cidade antiga, onde fica a Vila dos Mistérios. A entrada fica a 500 metros, na Porta Marina. Há trens de hora em hora. Por rodovia o acesso é pela Corso Arnaldo Lucci, próximo à Piazza Garibaldi (leste de Nápoles), com destino a Pompéia, Salerno e Régio Calábria. Os passes Eurailpass, e similares, só são válidos nas linhas locais que servem Pompéia. A linha Circumvesuviana é paga separadamente.

ORIENTE-SE
 Para visitar Pompéia antiga é indispensável ter à mão um livro ilustrado da cidade, com informações sobre as construções, obras de arte e história. Na entrada das ruínas há barracas que vendem guias e mapas. É bom saber que não há guias orientadores dentro do sítio arqueológico. Os que andam por lá são sempre acompanhantes de excursões. São eles que abrem alguns locais de exposição, normalmente fechados aos visitantes.
É possível fazer um passeio à Pompéia, estando hospedado em Roma, por exemplo. Mas quem quiser pernoitar na região, deve dar preferência a Nápoles. Os hotéis e pensões da Pompéia moderna são mais caros e bem menos confortável.

 


ORIENT-EXPRESS INAUGURA EM 2012 O PALACIO NAZARENAS
O Palácio Nazarenas é o mais novo projeto da Orient-Express, um hotel com 55 suítes instalado em antigo palácio e convento de Cuzco. A previsão de abertura é  o verão do próximo ano. Será o sexto hotel da Orient –Express no Peru, projeto de três anos de restaurações. Trabalho minucioso, realizado com orientação de oito arqueólogos em tempo integral, com supervisão do Instituto Nacional de Cultura do Peru – INC. Se no passado o local era ambiente de rigorosa observância religiosa, a partir de 2012 o Palácio Nazarenas será um oásis de conforto e bem estar. As suítes estão sendo executadas por artesãos locais, o Spa terá produtos indígenas e a modernidade vai ficar por conta dos iPads em cada quarto, carregados com orientação de roteiros locais. O hotel terá também a primeira piscina ao ar livre de Cuzco e a culinária será baseada no melhor da culinária andina, sempre com produtos orgânicos e especilidades regionais.Das 55 suítes, 29 serão padrão, 16 terão aposentos menores, 9 serão masters e uma especial, será chamada suíte Nacarenas. Algumas terão lareiras e vista para a encosta de Sacsayhuamána ou ‘a catedral de Cuzco, na Praça das Armas. Os banheiros terão pisos aquecidos e mármore travertino peruano. Wi-Fi gratuito, jornais, filmes, sugestões de restaurantes, telefone celular com cobertura na cidade, máquina de café expresso, bar privativo e sistema de som Bose estarão ‘a disposição dos hóspedes. Como Cuzco está em altitude muito elevada, na Cordilheira dos Andes, o hotel vai dispor aos seus hóspedes oxigênio perfumado com aromas essenciais de flores e ervas andinas, combatendo insônia e dores de cabeça que normalmente ocorrem aos que não estão habituados ao ar rarefeito e a grandes altitudes. A atmosfera de cada suíte, enriquecida através do sistema de ventilação, vai proporcionar ao hóspede uma reserva na corrente sanguínea de oxigênio, enquanto estiver dormindo. Cuzco, a antiga capital inca e porta de entrada para uma das grandes maravilhas do mundo, a cidadela de Machu Picchu — distante três horas de trem pelo Hiram Bingham da Orient Express, percorrendo o Vale Sagrado – terá acesso de apenas 15 minutos entre o Palácio Nazarenas e o aeroporto Velasco Astete, em carro híbrido. Só para lembrar: Cuzco fica a uma hora de vôo de Lima, capital do Peru, distante cerca de mil quilômetros.