
O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) mantém atualmente 25 cães farejadores em atividade, 15 operantes e 10 em formação, além de outros 11 já aposentados. Esses animais são peça-chave em operações de alta complexidade, como desastres naturais, enchentes, áreas de difícil acesso e incêndios. Já estiveram em missões de destaque nacional, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) e, mais recentemente, nas enchentes do Rio Grande do Sul, onde ajudaram tanto a localizar sobreviventes quanto a recuperar vítimas.
Qualquer cachorro pode ser um farejador?
A resposta é não. O processo de seleção é rigoroso e começa ainda na fase de filhote. Os critérios básicos incluem coragem, curiosidade, sociabilidade e energia. A partir daí, os cães passam por treinos diários e processos de socialização em diferentes ambientes, para se acostumarem a sons, multidões e situações adversas. O período de formação leva em média de um ano e meio a dois anos, e a carreira pode durar até oito anos antes da aposentadoria.
O faro é a principal arma desses animais. Com cerca de 300 milhões de receptores olfativos, contra 5 a 6 milhões dos humanos, conseguem identificar odores até 100 mil vezes melhor do que as pessoas. “Enquanto nós sentimos apenas o cheiro do pão na padaria, o cão consegue distinguir cada ingrediente da receita no ar”, compara o capitão Pedro Rocha de Faria, comandante do Canil Central do Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST).
Outro ponto decisivo é o vínculo entre o bombeiro condutor e o cão. “É uma relação de confiança construída desde o início do treinamento. O condutor conhece cada comportamento do animal e sabe interpretar os sinais que ele dá em campo”, explica o capitão Pedro. Muitos cães, inclusive, vivem com seus condutores fora do quartel, o que reforça ainda mais a parceria.
Além do treinamento, os animais recebem acompanhamento veterinário constante, alimentação balanceada, vacinação e cuidados de bem-estar.
Diferentes atuações dos cães farejadores
Os cães farejadores se dividem em dois perfis principais: os de rastreio (ou odor específico), que seguem o rastro de alguém a partir de uma peça de roupa ou objeto pessoal; e os de venteio (ou varredura de área), que atuam soltos na busca por odores humanos em ambientes urbanos, rurais ou em escombros. Há ainda especializações em busca de pessoas vivas, restos mortais e vítimas submersas.
O serviço com cães de salvamento vem crescendo em todo o país, e no Paraná o investimento é contínuo. Com a estrutura do canil integrada ao GOST, o CBMPR aposta em treinamentos, certificações e intercâmbio com outras corporações para aprimorar a atividade.