Após passar por uma psicóloga que suspeitou do transtorno, Renato foi encaminhado para uma clínica especializada. Lá, passou por exames feitos por uma equipe multidisciplinar, com profissionais das áreas de fonoaudiologia, psicologia e psicopedagogia. Quando o transtorno é identificado, são criadas estratégias de estimulação adequadas ao cérebro. “A terapia serve para ensinar como lidar com as dificuldades. Mas não é para ser uma muleta para sempre”, afirma a psicopedagoga.
Renato já sente os resultados: “Antes era muito difícil. Agora, consigo ler e escrever melhor.” Não por acaso, a matéria que ele menos gosta é Língua Portuguesa. Já a que tem maior facilidade é matemática. Até consegue fazer as contas de cabeça.
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Na escola, o método de ensino dos professores não muda. Mas Renato recebe uma atenção maior. Além disso, ele tem dez minutos a mais que os colegas para terminar as provas. “Já ajuda. Tento fazer no tempo certo, mas se eu precisar dos dez minutos, eu uso “
Outros transtornos comuns são o déficit de atenção e hiperatividade “Os dois são a mesma patologia”, explica Raquel. A dificuldade de ambos é a concentração. A criança com déficit de atenção se distrai facilmente, enquanto a hiperativa fica agitada. Há ainda a disgrafia (letra feia), problema em que a criança tem dificuldade transformar a informação do plano vertical para o horizontal, como copiar textos da lousa. E também a discalculia: dificuldade com números.
Como identificar os distúrbios
Check-up: Verifique primeiro as condições de saúde da criança. Exames de sangue e de tiróide identificam anemias e distúrbios hormonais que podem provocar desânimo e reduzir a atenção. Crianças que respiram pela boca também podem apresentar distúrbios de aprendizagem por falta de oxigenação no cérebro
Visão e audição: Exames oftalmológicos e auditivos devem ser feitos anualmente, de preferência antes do período letivo. Em seis meses, a criança pode apresentar a dificuldade e não sabe identificar sozinha que aquilo não é normal. Há casos de inflamação nos ouvidos que não apresentam dor, a criança apenas sente como se estivesse com um tampão
Aspectos emocionais: Segundo a psicopedagoga Raquel Caruso, a pergunta que os pais devem se fazer é: a criança sempre foi assim ou é algo do momento? Às vezes, um fato específico, como a troca de uma babá, a perda de um parente ou separação dos pais também podem afetar na aprendizagem
Má adaptação: Há escolas com diferentes métodos de aprendizagem. Quando a escolha não é adequada, a auto-estima da criança cai e ela passa a não querer freqüentar as aulas. Procure conhecer o perfil de aprendizagem ideal para o seu filho e peça orientação aos professores, a escola tem de ser honesta. Se o método for inadequado, o recomendável é matriculá-lo em outra instituição
Agenda superlotada: Se a criança cumpre uma série de atividades extra-curriculares, como natação, inglês, balé, futebol, música, ela não tem tempo para brincar e pode apresentar transtorno de aprendizagem funcional. Nesses casos, o recomendável é que se opte por apenas uma atividade. O ideal é que a criança tenha um período para descansar, digerir e absorver o que aprendeu na escola
Clínica especializada: Se os problemas citados estão eliminados e a criança permanece com dificuldades, procure uma clínica especializada para que ela passe por exames feitos por uma equipe multidisciplinar