A cidade que foi o quintal dos hippies nos anos 60 pode não ser mais a mesma de quando Scott McKenzie gravou San Francisco (“Be Sure to Wear Some Flowers in your Hair”), hino do chamado verão do amor de 1967. Mas São Francisco continua emanando as boas vibrações daqueles tempos de paz e amor, e dos tais jovens com flores nos cabelos.

Com pouco mais de 790 mil habitantes, o município californiano tem ruas arborizadas, pontuadas por coloridas casas em estilo vitoriano. As amplas calçadas servem ao vaivém de pessoas magras bronzeadas e, obviamente, de bem com a vida – há quem desça do ônibus para dar orientações a um turista.

Cafés, padarias e até restaurantes tailandeses abundam. Já as redes de fast-food americanas, onipresentes em outros pontos do país, ficam num merecido segundo plano. “Instantaneamente, me chamou a atenção o sutil mas inegável sentimento de fuga dos Estados Unidos”, disse o escritor americano H.L. Mencken durante uma visita a São Francisco, em 1920. A frase é verdadeira ainda hoje.

Historicamente multicultural, a cidade foi colonizada pelos espanhóis no século 18 e, depois, tomada pelos americanos. Quando ouro foi descoberto na Califórnia, em 1848, aventureiros de todos os cantos foram pra lá em busca de uma vida melhor. “Pessoas de toda parte vieram a São Francisco para se reinventar A cidade foi construída assim”, afirma Tim Zahner, gerente de Relações Públicas do San Francisco Convention & Visitor’s Bureau

Os imigrantes asiáticos talvez sejam hoje o grupo mais representativo, com 30% da população. Foram eles que construíram os famosos distritos de Chinatown e Japantown. Os italianos também deixaram sua marca, principalmente em North Beach, a Little Italy. Uma das atrações do bairro é pura delícia. Trata-se da Ghirardelli Chocolate Company, fundada em 1852. Esses imigrantes europeus deram também uma mãozinha para criar outra instituição californiana: os vinhos dos vales de Napa e Sonoma.

Além de sorridentes, os moradores de São Francisco são bem abertos. Se a terra do Tio Sam tornou-se mais puritana nos últimos anos, ninguém percebe isso por lá. “Esta é uma das cidades menos conservadoras dos Estados Unidos”, diz a universitária Nikki Kunioka-Volz, de 19 anos. Ela faz parte de outra porção significativa da população: a de gays e lésbicas.

A bandeira do arco-íris que representa o movimento gay foi criada em São Francisco, em 1978. A cidade tem uma das maiores concentrações de homossexuais do mundo e, não à toa, foi a primeira do país a aprovar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Um de seus principais bairros, o Castro, é point de gays e lésbicas do mundo todo desde os anos 70.

E os grupos convivem sem problemas. Fica fácil, então, entender por que Scott McKenzie diz em sua música que você encontrará gente boa por lá. Não duvide. Embarque no tradicional bondinho vermelho e descubra o charme de São Francisco. Se não voltar com flores no cabelo, terá um sorriso no rosto.