Cirurgia plástica – Créditos Freepik
Freepik

Segundo um relatório recente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu a liderança no ranking mundial de cirurgias plásticas, com mais de 2 milhões de procedimentos realizados em 2024. A primeira colocação, no entanto, não causa surpresa entre os profissionais da área. Para o cirurgião plástico Dr. Carlos Tagliari, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, essa posição é resultado de uma combinação de fatores que vão além da vaidade, envolvendo também aspectos culturais, sociais e econômicos.

“O Brasil sempre esteve entre os líderes mundiais em cirurgia plástica, constantemente alternando posições com os Estados Unidos. Isso acontece, principalmente, porque somos um povo com forte valorização da estética, que se preocupa em estar bem com a aparência — e isso está profundamente ligado à nossa cultura”, explica o especialista.

De acordo com o Dr. Tagliari, o clima tropical e o estilo de vida brasileiro também influenciam diretamente nesse comportamento. “Vivemos em um país onde há muita exposição do corpo, estamos constantemente em praias, piscinas e ambientes abertos. Isso naturalmente estimula o desejo de estar em forma e se sentir bem fisicamente”, afirma.

O especialista destaca ainda que a busca por procedimentos estéticos foi impulsionada pela crescente influência das redes sociais e pelo aumento do acesso aos serviços médicos especializados. “Hoje em dia, as cirurgias plásticas deixaram de ser exclusivas de uma elite. Com a maior oferta de profissionais e condições de pagamento, pessoas de diferentes classes sociais passaram a buscar esses procedimentos, o que aumentou significativamente o volume de cirurgias no país”.

Outro fator apontado por Dr. Tagliari é a qualidade da formação dos profissionais brasileiros: “Temos uma geração de cirurgiões altamente capacitados, com um senso estético muito apurado e uma técnica refinada, o que nos coloca em destaque internacional”.

O médico observa ainda que, mesmo diante de crises como a pandemia ou eventos climáticos extremos — como as enchentes recentes no Rio Grande do Sul — a procura por cirurgias plásticas não diminuiu. “Isso mostra que esse consumo está enraizado na nossa sociedade. A tendência é que o Brasil continue se mantendo no topo desse ranking mundial enquanto houver estabilidade econômica mínima”.

Apesar do crescimento de outros polos — como Coreia do Sul, Turquia e países do Leste Europeu —, Dr. Tagliari reforça que, no panorama global, Brasil e Estados Unidos ainda se mantêm como os dois grandes protagonistas da cirurgia plástica mundial.