
Com o lema “Se precisar, peça ajuda”, a campanha Setembro Amarelo 2025 reforça a necessidade de tratar o suicídio como um grave problema de saúde pública. Os números são alarmantes: todos os anos, mais pessoas tiram a própria vida do que a soma de vítimas de HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios. Globalmente, uma vida é perdida a cada 45 segundos; no Brasil, a média é de 38 óbitos por dia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para Lucas Benevides, psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), a prevenção exige atenção aos sinais de alerta e ao reconhecimento da diferença entre tristeza passageira e sofrimento mental persistente.
“A tristeza geralmente tem um gatilho específico e tende a melhorar com o tempo ou com mudanças nas circunstâncias, enquanto o sofrimento mental pode persistir e afetar a qualidade de vida de maneira mais abrangente”, explica.
Sinais de alerta
De acordo com Benevides, mudanças bruscas de humor, isolamento social, verbalização do desejo de morrer e comportamento impulsivo devem ser observados com atenção. “Conversas abertas e sem julgamentos são o melhor caminho para auxiliar quem enfrenta desafios emocionais. Muitas vezes, o suporte começa com familiares e amigos”, reforça.
O especialista também aponta um avanço: cada vez mais pessoas têm se sentido à vontade para buscar ajuda profissional e compartilhar experiências de forma aberta.
Tratamento e apoio
O primeiro passo para tratar transtornos mentais é uma avaliação profissional detalhada, que permite indicar o plano mais adequado, incluindo psicoterapia, uso de antidepressivos ou estabilizadores de humor.
“Terapia e medicação frequentemente funcionam melhor em conjunto, proporcionando estratégias de enfrentamento e correção de desequilíbrios químicos”, observa Benevides.
Nos casos em que o suicídio já ocorreu, o acompanhamento se estende aos familiares e amigos próximos. Terapia de luto, grupos de apoio e aconselhamento familiar são ferramentas fundamentais para atravessar o processo de perda.
O psiquiatra ainda defende o fortalecimento das políticas públicas.
“O Estado precisa aprimorar seu papel, garantindo financiamento adequado para a saúde mental e legislação que apoie o tratamento e a prevenção”, afirma.