
A população no Paraná acredita na ciência. Isso é o que revela um estudo inédito realizado no estado sobre a percepção da população em relação à ciência, tecnologia e inovação. Mais de 2.600 paranaenses foram consultados sobre temas como o interesse na ciência, quais fontes de informação são as mais confiáveis e sobre o recebimento e compartilhamento de notícias falsa. Essa iniciativa ajuda na construção de políticas públicas relacionadas à Ciência, Tecnologia e Inovação (C&TI) no Estado.
Leia mais:
Um dos dados mais importantes revelados pelo levantamento foi que os cientistas de universidades ou institutos públicos de pesquisa são a fonte de maior confiança para os paranaenses, com um índice de 0,93. Eles superam até mesmo os médicos (0,89), que lideraram o levantamento nacional de 2023.
A Pesquisa de Percepção Pública de CT&I no Paraná (PPC&TI) é uma iniciativa do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação – NAPI Paraná Faz Ciência. A consulta popular ouviu 2.684 pessoas acima de 16 anos, em 88 municípios, distribuídos pelas dez mesorregiões paranaenses.
O objetivo foi traçar um retrato socioeconômico, cultural e comportamental da sociedade e avaliar como os cidadãos consomem, compreendem e se relacionam com temas ligados à ciência e tecnologia.
A divulgação de parte dos resultados encontrados na survey vai ocorrer no dia 30 de setembro, às 9 horas, durante o evento Paraná Faz Ciência 2025, que ocorre em Guarapuava.
Resultados
Outro levantamento da percepção pública da ciência no Paraná traz um dado estratégico para a comunicação científica: 58,8% dos entrevistados mostraram interesse em Ciência e Tecnologia, valor próximo à média nacional, que registra 60,3% de pessoas “muito interessadas” ou “interessadas” em Ciência e Tecnologia. Esse dado vem do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), que publicou os resultados de uma pesquisa realizada em 2023.
Estudantes aprendendo em ações do NAPI Paraná Faz Ciência
O material também indica que a Educação aparece como o tema de maior interesse entre os respondentes. Nenhuma das edições anteriores de pesquisas nacionais incluiu uma pergunta específica sobre o interesse da população pela área da Educação. Essa informação surge na proposta do Paraná e 83,4% da amostra marcou o tema.
Não muito distante, o interesse em Medicina e Saúde é apontado por 80,6% da população, seguido de 70,1% que se mostraram interessados em Meio Ambiente e 69,7% em Religião.
Por outro lado, 52,6% dos paranaenses afirmam não possuir interesse em Política, seguido de Arte e Cultura, com 47,2%, e Esportes, área que soma 43,4% de desinteresse. Isso demonstra um potencial para ampliação do engajamento da população com temas científicos, especialmente, se forem aprimoradas estratégias de comunicação pública da ciência. A pesquisa será lançada impressa em livro, no PRFC 2025.
Metodologia
“A abrangência e o desenho metodológico tornam a pesquisa uma ferramenta estratégica para orientar políticas públicas de popularização da ciência, além de subsidiar universidades, institutos de pesquisa e gestores na formulação de ações voltadas à alfabetização científica e tecnológica no Paraná”, diz o articulador do NAPI Paraná Faz Ciência, o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodrigo Reis.
O banco de dados gerado pela PPC&TI Paraná é robusto: as 45 questões originais deram origem a 177 variáveis, resultando em quase meio milhão de registros. Esse material permitirá cruzamentos entre regiões, perfis sociais e indicadores, abrindo espaço para análises profundas sobre a relação da população com a ciência.
A articuladora do NAPI Paraná Faz Ciência, Débora Sant’ Ana, destaca que é a primeira vez que se tem dados da percepção pública da ciência do Paraná e ainda representativos das dez mesorregiões do estado. “A pesquisa possibilita compreender os interesses dos paranaenses, sua visão sobre ciência e tecnologia e sua percepção de instituições de pesquisa. Estas informações poderão direcionar ações de divulgação científica, educação para a ciência, entre outras”, disse a professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Impactos
A PPC&TI se concretizou com recursos da Fundação Araucária, por meio do Fundo Paraná, gerenciado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O gestor da Seti, Aldo Bona, afirmou que os dados da pesquisa “são estratégicos para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, permitindo alinhar ações às reais necessidades da população. Ao mesmo tempo, reforçam a importância de fortalecer a cultura científica como eixo de desenvolvimento econômico, social e regional”.
O diretor-presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, lembrou que a fundação acredita que a ciência deve estar a serviço da sociedade. “Para isso, é essencial compreender como a população percebe, consome e valida o conhecimento científico. Este estudo é um passo decisivo nessa direção”.
Além de Rodrigo Reis, da professora Débora e de Tamara Domiciano, o estudo tem como autores o professor doutor Emerson Joucoski, e os graduandos Vitor Yuji Kiemo e Taissa Carolina Silva dos Santos, os três da UFPR. A empresa contratada para a realização das entrevistas foi a QCP- Quanta Consultoria, Projetos e Editora Ltda.
Serviço – Lançamento PPC&TI
Data: 30 de setembro de 2025
Horário: 9h às 12h
Local: Centro de Eventos Cidade dos Lagos – Sala de Conferências 1
Guarapuava – PR