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Conhecida como uma enfermidade silenciosa, a hipertensão está entre as principais causas de problemas cardiovasculares e complicações graves Créditos: Envato

Conhecida como uma enfermidade silenciosa, a hipertensão está entre as principais causas de doenças cardiovasculares e complicações graves. O motivo é simples: na maioria dos casos, ela não apresenta sintomas. E é justamente aí que mora o perigo.

Segundo dados do Ministério da Saúde e do Vigitel, cerca de 25% dos adultos em Curitiba convivem com pressão alta. Esse cenário reflete uma tendência preocupante em todo o estado. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o Paraná registrou um aumento de 194% nos atendimentos relacionados à condição, saltando de 1,5 milhão em 2021 para mais de 4,6 milhões em 2023. E a curva segue em ascensão: somente no primeiro semestre de 2024, já foram contabilizados mais de 2,4 milhões de atendimentos.

Mesmo sem sintomas aparentes, a elevação constante da pressão arterial pode causar danos significativos ao organismo. “Muitas pessoas não acreditam que estão doentes porque não sentem nada. Mas é importante entender que os sinais só aparecem quando o problema já provocou consequências no corpo. Isso reforça a importância do diagnóstico precoce”, alerta a cardiologista Larissa Rengel, dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.

Fatores de risco da hipertensão

O envelhecimento é um dos principais fatores associados ao surgimento da hipertensão. “A pressão alta está diretamente ligada ao avanço da idade. Com o aumento da expectativa de vida da população, é natural o crescimento dos casos”, explica a médica. No entanto, o estilo de vida também tem peso decisivo: dietas ricas em sódio, baixo consumo de frutas e verduras, sedentarismo e excesso de peso contribuem para o descontrole dos níveis pressóricos.

A predisposição genética também é relevante. Pessoas com histórico familiar da doença devem redobrar a atenção. A obesidade, por exemplo, tem forte relação com a elevação da pressão. “Não é incomum que pacientes que utilizavam três ou quatro medicamentos deixem de precisar deles após perderem 30 ou 40 quilos com a cirurgia bariátrica”, relata Larissa.

Além disso, outras condições, como diabetes, colesterol alto e tabagismo, frequentemente agravam o quadro. “Um paciente com pressão desregulada, diabetes e colesterol elevado tem risco muito alto de infarto ou insuficiência cardíaca”, destaca a cardiologista.

Complicações ocultas

Embora infartos e AVCs sejam as consequências mais conhecidas da hipertensão, não são as únicas. “No Brasil, essa disfunção é a principal causa de perda da função renal, levando muitos pacientes à diálise. Também pode comprometer a visão, causando perda parcial ou total da capacidade de enxergar”, observa Larissa.

Por isso, um diagnóstico preciso é fundamental. “Se alguém passou por um momento de estresse e apresentou pressão de 15 por 9, isso não significa, necessariamente, que seja hipertenso. É preciso realizar medições repetidas, em momentos de tranquilidade, e, em alguns casos, exames específicos para confirmar o quadro com segurança”, explica a médica.

Controle e tratamento da hipertensão

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, cerca de 70% dos pacientes diagnosticados não conseguem manter os níveis de pressão dentro dos limites recomendados. A baixa adesão ao tratamento e a dificuldade em mudar hábitos são os principais obstáculos. “Tomar o remédio é só uma parte do processo. É fundamental perder peso, adotar uma alimentação equilibrada, reduzir o sal e praticar atividade física com regularidade. E muita gente ainda não leva isso a sério”, alerta Larissa.

Outro erro comum é interromper o uso da medicação por conta própria. “Alguns pensam: ‘Se eu não estou sentindo nada, posso parar por um ou dois dias’. Mas essa interrupção compromete o tratamento e aumenta o risco de complicações futuras”, reforça.

Prevenção começa cedo

Manter uma alimentação saudável, praticar exercícios e fazer check-ups regulares faz toda a diferença — especialmente quando esses cuidados são incorporados desde cedo. “Vale a pena dedicar alguns minutos do dia para tomar o remédio, cuidar da alimentação e se exercitar. Pode parecer simples, mas são hábitos que podem significar 20 ou 30 anos a mais com saúde e qualidade de vida”, finaliza a especialista.