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Diabetes, infecções e distúrbios: mau hálito pode ser sinal de alerta para outras doenças

Editado por Mario Akira

Mau hálito (Freepik)

O mau hálito persistente pode indicar condições sistêmicas como diabetes, infecções respiratórias e distúrbios gastrointestinais. Frequentemente associado à má higiene bucal, boca seca ou doenças na gengiva, o mau hálito, ou halitose, pode apontar outros problemas.

O que nem todos sabem é que o odor alterado da respiração pode ser também um indicativo de doenças sistêmicas mais sérias, especialmente quando persiste apesar dos cuidados básicos com a saúde oral.

“Na maioria dos casos, a halitose tem origem local, como saburra lingual, inflamação gengival ou baixa produção de saliva”, afirma a Dra. Lígia Maeda, otorrinolaringologista especialista em halitose do Hospital Paulista.

“Mas há situações em que ela funciona como um sinal de alerta do organismo, indicando a presença de uma condição clínica subjacente”, completa.

Quando o mau hálito pode indicar algo mais sério?

Entre os quadros clínicos que podem se manifestar por meio do mau hálito, a especialista destaca:

Diabetes descompensado: a presença de hálito cetônico (com odor adocicado ou semelhante a frutas fermentadas) pode ser um indício de cetoacidose diabética, uma complicação grave e potencialmente fatal.
Infecções pulmonares ou sinusais crônicas: secreções acumuladas nos seios da face ou nos pulmões podem alterar o cheiro do ar expirado.
Doenças gastrointestinais: refluxo ácido, gastrite ou disfunções hepáticas podem provocar odores característicos na respiração.

“O ponto de atenção é quando o mau hálito persiste apesar de boa higiene oral, hidratação adequada e acompanhamento odontológico ou otorrinolaringológico básico”, explica Dra. Lígia. “Se o quadro vem acompanhado de sintomas como perda de peso, fadiga, febre ou alterações digestivas, é fundamental investigar.”

Avaliação multidisciplinar é essencial

Devido à variedade de possíveis causas, o diagnóstico da halitose persistente muitas vezes exige uma abordagem integrada. “Quando não encontramos uma causa evidente na cavidade oral, encaminhamos o paciente para avaliação com endocrinologista, gastroenterologista ou pneumologista, dependendo dos sintomas associados”, diz a médica.

A especialista também reforça que o mau hálito não deve ser ignorado ou tratado apenas com enxaguantes bucais e balas refrescantes. “Essas estratégias mascaram o problema, mas não resolvem a origem. O ideal é identificar a causa e tratar o que está por trás do sintoma”, orienta.

Autocuidado e atenção aos sinais

Para evitar preocupações desnecessárias, Dra. Lígia recomenda observar a persistência do odor, sua intensidade e se há outros sintomas associados. Em muitos casos, o problema é reversível com mudanças simples, como reforço na escovação da língua, hidratação ou tratamento odontológico. “Mas quando a halitose resiste às medidas básicas e interfere na qualidade de vida ou no convívio social, vale a pena investigar mais a fundo”, conclui.