
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que cerca de 200 mil pessoas convivem com a condição, o que representa aproximadamente 0,1% da população. Com o avanço da doença, aumentam a dependência do paciente e os custos com o tratamento — o que torna o diagnóstico precoce um fator essencial.
O neurologista João Rafael Argenta Sabbag, do Hospital São Vicente, em Curitiba, reforça a importância de identificar os primeiros sinais o quanto antes. “O diagnóstico precoce permite que o tratamento também seja instituído o mais rápido possível, melhorando a qualidade de vida do paciente. E hoje existem tipos de medicamentos exatos para cada fase da doença”, afirma.
O Parkinson compromete os movimentos devido à degeneração de células cerebrais responsáveis pela produção de dopamina, substância fundamental na comunicação entre neurônios. A redução ou ausência dessa substância provoca sintomas como tremores, lentidão e rigidez muscular. Outros sinais comuns são distúrbios da fala, dificuldades para engolir, tontura, dores, alterações no sono e até depressão.
Testes genéticos e novas tecnologias para o Parkinson
Pessoas com histórico familiar ou início precoce da doença podem recorrer a testes genéticos que ajudam a identificar riscos hereditários. Em paralelo, estudos têm usado inteligência artificial para combinar dados genéticos, imagens cerebrais e sintomas iniciais, oferecendo previsões mais precisas sobre a probabilidade de desenvolver a doença.
“Essa análise genética permite prever se nas próximas gerações a doença estará presente ou não. Isso tem ajudado pacientes mais jovens a ter seu diagnóstico e o tratamento adequados”, explica Sabbag.
Diante de qualquer alteração motora ou comportamental, o neurologista é o profissional indicado para avaliar o caso por meio de exames clínicos, histórico detalhado e exames complementares.
Avanços no tratamento do Parkinson
Além dos medicamentos que ajudam a modular os níveis de dopamina, o tratamento da doença de Parkinson tem avançado com tecnologias como a estimulação cerebral profunda, ou DBS (Deep Brain Stimulation).
“O dispositivo é implantado em regiões como a substância negra ou o corpo estriado, responsáveis pela produção de dopamina. Ele realiza uma estimulação elétrica que auxilia no controle dos sintomas motores”, explica o especialista. O aparelho é ajustável para diferentes momentos do dia, como durante o trabalho ou o repouso, e o próprio paciente pode ativar os modos conforme a necessidade.
Abordagem multidisciplinar
Para além das opções cirúrgicas e medicamentosas, terapias não farmacológicas são fundamentais no enfrentamento da doença. Fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição e apoio psicológico ajudam a preservar a funcionalidade, promover a autonomia e melhorar o bem-estar geral do paciente.
O tratamento multidisciplinar, aliado ao diagnóstico precoce, pode garantir uma rotina mais ativa, segura e saudável para quem convive com o Parkinson.