
O Hemonúcleo de Francisco Beltrão, vinculado à 8ª Regional de Saúde, alcançou um feito inédito em 2024, ao registrar, em apenas 12 meses, três doadores de medula óssea compatíveis, trazendo esperança para pacientes que aguardavam um transplante. Embora o número de doações pareça pequeno, esse marco representa uma grande conquista tanto para o Hemonúcleo quanto para todo o estado do Paraná, ressaltando a importância do cadastro de novos doadores para ampliar as chances de salvar vidas.
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De acordo com o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), atualmente, 650 pessoas aguardam um doador no Brasil, e 5,7 milhões de voluntários estão cadastrados no sistema, com 575.500 deles no Paraná. O estado ocupa a terceira posição no ranking nacional de doadores, atrás de São Paulo e Minas Gerais.
Apesar da quantidade expressiva de cadastrados, a chance de um paciente encontrar um doador compatível é baixa: de 1 em 100 mil em casos entre parentes e de 1 em 1 milhão no registro geral. Isso ocorre devido às características genéticas, que tornam a compatibilidade entre irmãos apenas de 30%, tornando ainda mais difícil encontrar um doador fora do círculo familiar.
Caso um doador seja identificado como compatível, ele é contatado para realizar novos testes que confirmem a viabilidade da doação. O procedimento de coleta da medula óssea pode ser realizado de duas formas:
- Punção no centro cirúrgico, onde a medula é retirada diretamente do interior dos ossos da bacia.
- Coleta via punção venosa, após o doador receber uma medicação que estimula a liberação das células-tronco da medula para a corrente sanguínea, permitindo sua coleta no antebraço.
A empresária Fabiani Greggio Kobielski, moradora de Francisco Beltrão e cadastrada como doadora desde 2012, realizou o procedimento no ano passado. Ela compartilhou que, desde o primeiro contato do REDOME, começou a orar por alguém que nem conhecia, e essa experiência transformou sua vida. Fabiani descreve o gesto como “indescritível” e incentiva outros a se cadastrarem.
Leonardo Laurindo, estudante que se cadastrou em 2019 e realizou a doação no mesmo ano, também compartilhou sua experiência: “A sensação de poder ajudar alguém dessa forma é simplesmente inexplicável”. Ele ressaltou a importância do simples ato de se cadastrar, que pode salvar uma vida e gerar um impacto significativo na vida de outra pessoa.
Em Dois Vizinhos, Dangela Beatriz Bogoni, vendedora que também realizará a doação neste mês, relatou que, desde o primeiro contato com o REDOME, se sentiu acolhida por profissionais incríveis e se sente “uma celebridade”. Ela destacou como a experiência é transformadora, motivando-a a incentivar amigos e familiares a se cadastrarem também.
O Paraná disponibiliza 10 mil cotas anuais para novos cadastros de doadores de medula óssea, com essas cotas distribuídas mensalmente entre as 25 unidades de coleta para garantir mais acesso ao cadastro. Esses doadores podem ser a chave para o tratamento de 80 doenças, como leucemia, anemia e diversos tipos de câncer, beneficiando pacientes de diferentes idades e estágios da doença.
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, enfatiza a importância do cadastro: “A doação de medula óssea representa a única chance de sobrevivência para muitos pacientes. Cada novo cadastro amplia as chances de encontrar um doador compatível e, consequentemente, salvar vidas”.
Cadastro no REDOME: Para se tornar um doador, é necessário ser maior de 18 anos e menor de 35 anos, não possuir doenças que impeçam a doação (como HIV, hepatites ou doenças autoimunes), e se cadastrar nas unidades de coleta. A única exigência é um documento oficial com foto, o cartão do SUS e a coleta de uma amostra de sangue para o teste de compatibilidade. Caso o doador seja compatível com algum paciente, ele será contatado para exames mais detalhados antes do procedimento.
É fundamental manter os dados atualizados no sistema, o que pode ser feito por meio do aplicativo do REDOME ou nas próprias unidades de coleta.
Ações de conscientização
No município de Francisco Beltrão, o Hemonúcleo promove a Semana Municipal de Incentivo à Doação, com ações de conscientização no calçadão central da cidade. Além disso, diversas campanhas ao longo do ano incentivam o cadastro de novos doadores, com destaque para o mês de setembro, dedicado ao doador de medula óssea. Essas iniciativas contam com o apoio da World Marrow Donor Association (WMDA), uma organização internacional que conecta doadores e pacientes ao redor do mundo.
Fábio Ebert, diretor do Hemonúcleo de Francisco Beltrão, destaca a importância da conscientização: “É essencial desmistificar o processo de doação de medula óssea, que ainda afasta muitas pessoas. Estamos muito satisfeitos com o feito inédito de termos registrado três doadores compatíveis em nossa região, no período de um ano”.
A importância da medula óssea
A medula óssea é um tecido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos e é responsável pela produção dos componentes do sangue, como glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. O processo de coleta é criterioso e envolve várias etapas para garantir a segurança e a saúde tanto do doador quanto do receptor.
A doação de medula óssea é um ato de solidariedade e esperança, que pode salvar vidas e mudar o destino de muitas pessoas. O trabalho contínuo de conscientização, somado ao apoio de voluntários como Fabiani, Leonardo e Dangela, representa um exemplo de como o simples ato de se cadastrar pode fazer a diferença. Mais do que nunca, é essencial que a população se engaje para aumentar as chances de salvar vidas e continuar contribuindo para esse trabalho transformador.