Quando assistimos a um jogo de futebol podemos ver apenas a partida em si ou tentar compreender o que move os jogadores ou o porquê das suas decisões e comportamentos.
Para nos explicar como os neurotransmissores podem alterar a nossa forma de lidar com determinadas situações o Pós PhD em neurociências e membro da Sigma Xi, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, explica um caso recente.
O recém disputado Argentina vs Arábia Saudita é um caso que pode ser analisado. Primeiramente a Argentina parecia dominar o jogo logo no início, inclusive a equipe é a mais forte tecnicamente a nível individual, já a formação técnica saudita e a maneira como regularam as suas emoções superou as expectativas e definiu o resultado.
Marcar dois gols seguidos no segundo tempo fez a equipe acreditar que era possível manter a vitória e a motivação coletiva aumentou. A dopamina desempenha muitos papéis fundamentais incluindo no comportamento, atividade motora, automatismos, motivação, recompensa, regulação do sono, humor, ansiedade, atenção, aprendizado e também no centro termorregulador do cérebro, e é por isso que as alterações nas concentrações de dopamina afetam a regulação da temperatura central durante o jogo.
Como nos explica Agrela “Há ali dois neurotransmissores que trabalham em simultâneo, a dopamina ao virar a partida e a noradrenalina para segurar o resultado.”.
Nestes casos, podemos ver aumentos tanto na adrenalina como a noradrenalina que são produzidas pelas glândulas suprarrenais, no entanto, a adrenalina é produzida a partir da noradrenalina.
“A dopamina e a noradrenalina são neuromoduladores cruciais que controlam estados cerebrais, vigilância, ação, recompensa, aprendizado e processos de memória. A área tegmental ventral (VTA) e o Locus Coeruleus (LC) são canonicamente descritos como as principais fontes de dopamina (DA) e noradrenalina (NA) com funções dissociadas. O Locus Coeruleus pode transmitir simultaneamente dopamina e noradrenalina pelo cérebro. A dopamina e a noradrenalina podem trabalhar em paralelo, ou seja, a empolgação sugere atividades que mantenham o resultado. Através do mecanismo de defesa do organismo.” diz o cientista.
“A maior relação com a alta performance no futebol está no fato de a noradrenalina agir aumentando o estado de atenção, a memória, a concentração e o humor.” finaliza Dr. Fabiano de Abreu Agrela, também membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos.
O que o cientista quis dizer é que os jogadores sauditas, através da empolgação e da noradrenalina, condicionaram-se a uma maior performance crescendo tecnicamente diante dos argentinos.