Saúde alerta para cuidados com queimaduras por águas-vivas. Foto: SESA
Água-viva: ela libera toxinas nocivas para a pele humana (SESA)

O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) registrou aumento de mais de 900% nos casos de queimaduras por águas-vivas e caravelas no Litoral do Estado. O dado é referente ao período de 14 de dezembro de 2024 a 3 de janeiro de 2025, comparado ao mesmo intervalo do ano anterior. Por isso, é preciso alguns cuidados para evitar surpresas e possíveis acidentes com animais aquáticos.

Lauren Morais, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Paraná (SBD-PR), ressalta que, em situações de acidentes com águas-vivas e caravelas, é necessário adotar medidas rápidas para obter alívio imediato.

“Esses animais são peçonhentos e produzem um veneno que é introduzido no organismo através dos seus tentáculos. Os tentáculos possuem milhares de ferrões microscópicos e farpados, com bulbos cheios de veneno e tubos enrolados com pontas afiadas. Quando o tentáculo é tocado, esses tubos são liberados, penetram na pele e injetam o veneno, que pode afetar a área de contato e até entrar na corrente sanguínea. Assim que houver o contato, o importante é lavar o local com a própria água do mar ou aplicar vinagre”, orientou.

Um erro bastante comum é lavar o local do ferimento com água doce, mas segundo a especialista, isso não é indicado. “O pH da água doce potencializa a penetração do veneno. A remoção dos tentáculos que ficam na pele deve ser realizada com luva ou pinça, nunca com a mão”, acrescentou a dermato.

Nas praias do litoral paranaense, os postos de guarda-vidas funcionam diariamente das 08h às 19h. Em caso de emergência, ligar para o 193.

Principais sintomas

Os principais sintomas após o contato com águas-vivas e caravelas são linhas avermelhadas muito dolorosas na pele, além de irritação e desconforto local, que podem durar de 30 minutos a 24h. A gravidade depende da extensão da área comprometida. 

Segundo a Dra. Lauren, apesar de raro, pode acontecer um choque anafilático com o veneno da água-viva, e a pessoa pode ter falta de ar e taquicardia. “Nesses casos, é preciso procurar imediatamente o hospital”, ressaltou.

Outros sintomas são olhos e boca inchados e coceira intensa. “Quando o paciente apresenta esses sintomas fora do local de inoculação da água-viva, é indicado o uso de corticoides e outras medicações para interromper essas reações exageradas”, completou Lauren.

Para quem vai à praia com as crianças, os cuidados devem ser redobrados. A orientação é que os pais e responsáveis não deixem que os pequenos toquem nem brinquem com animais aquáticos, mesmo que já estejam mortos, pois algumas espécies venenosas mantêm o veneno ativo mesmo depois de mortas.

Dermatite do traje de banho

Outro ponto de atenção é referente ao prurido do traje de banho. Larvas bem pequenas, não vistas a olho nu, vêm com as correntes marítimas e podem causar coceira intensa e algumas manchas na pele em áreas de atrito, como axila, virilha, embaixo de maiôs e sungas. 

“São larvinhas de medusa ou água-viva, e geralmente acontece em crianças que permanecem muito tempo na água. Ao sair da água, a criança reclama da coceira intensa e apresenta várias manchas no corpo. A orientação é lavar com água morna e evitar o atrito da toalha, deixando secar naturalmente. A indicação é o uso de um antialérgico, e normalmente as coceiras vão melhorando entre 7 a 10 dias”, completou a especialista.

Cuidados e prevenção

Alguns cuidados são importantes para evitar acidentes com animais aquáticos. Confira:

• fique atento à faixa de areia;

• procure informações sobre a região com salva-vidas e moradores locais;

• não passe produtos caseiros no ferimento;

• não use álcool nem esfregue a região do ferimento;

• não urine no local da ferida;

• em casos mais graves, procure um hospital imediatamente.