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Foto: Marcelo Andrade

Em um marco histórico para a medicina global, o Paraná conquistou hoje o recorde mundial ao realizar a cirurgia robótica com maior separação geográfica. Um paciente, atendido no Hospital Cruz Vermelha de Curitiba, foi operado por um cirurgião localizado no Hospital Jaber Surgery, no Kuwait, a mais de 13 mil quilômetros de distância, numa cirurgia de hérnia inguinal. A certificação pelo Guinness World Records confirma que essa é a operação com maior separação geográfica já realizada, superando o recorde anterior de pouco mais de 12 mil quilômetros, estabelecido entre Marrocos (Casablanca) e China (Xangai).

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Este feito inédito, idealizado e coordenado pela Dr Marcelo Loureiro da Scolla Centro de Treinamento Cirúrgico, no Paraná, não apenas demonstra o avanço da tecnologia brasileira, mas também revela o potencial da telecirurgia para transformar o acesso à saúde de alta complexidade. Com uma infraestrutura inovadora, que combina módulo de telecirurgia com transmissão de tecnologia de fibra óptica de alta velocidade,  foi possível assegurar uma transmissão estável e segura mesmo em distâncias extremas.

Telecirurgia com maior distância geográfica: tecnologia de ponta e segurança

A operação contou com o robô MP1000 da Edge Medical, de fabricação chinesa, uma das plataformas mais avançadas do mundo, garantindo precisão, segurança e estabilidade durante toda a cirurgia. Todo o procedimento foi apoiado por uma infraestrutura tecnológica robusta, que inclui dois robôs cirúrgicos e duas equipes de cirurgiões seniors — um em cada País —, além de um sistema de decodificação de sinais de alta fidelidade, essencial para a comunicação remota.

Segundo Dr. Marcelo Loureiro, cirurgião idealizador e responsável pela operação, esse marco representa uma nova era na medicina brasileira e mundial. “Hoje mostramos que é possível realizar cirurgias complexas à distância, com total segurança, eficiência e qualidade. Essa tecnologia permite que profissionais qualificados atendam pacientes em qualquer lugar do planeta, promovendo maior acesso e equidade na saúde,” afirma.

Estabilidade de sinal de apenas um centésimo de segundo

Com uma estabilidade de sinal de apenas milissegundos de atraso ‒ um centésimo de segundo, considerado padrão de segurança máximo ‒, o teste de horas de duração comprovou que cirurgias podem ser realizadas com total segurança. “Qualquer tipo de cirurgia robótica, poderá ser feita por telecirurgia aqui no Brasil, desde que haja infraestrutura de telecomunicação e equipamento adequado para isso.”, afirma Dr. Loureiro.

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Foto: Marcelo Andrade

Os benefícios dessa abordagem são vastos, tanto para profissionais de saúde quanto para os pacientes. Em um país continental como o Brasil, onde a concentração de especialistas se dá em grandes centros, a telecirurgia permitirá que médicos superqualificados operem pacientes sem a necessidade de deslocamento físico. Para os pacientes, significa acesso a cuidados de alta complexidade, mesmo em regiões remotas, onde a conectividade móvel, fibra ou via satélite pode levar o robô cirúrgico até eles.

Telecirurgia com maior distância geográfica: evolução

A telecirurgia, que remonta aos anos 2000, evoluiu significativamente com os avanços em fibras ópticas, redes de alta velocidade e robótica. Enquanto os recordes anteriores envolviam distâncias menores, hoje o Paraná rompe todas as barreiras, colocando o Estado na vanguarda de uma revolução na medicina de alta tecnologia.

Este sucesso é resultado de uma parceria consolidada entre a Scolla, líder em treinamento e inovação tecnológica em cirurgia minimamente invasiva e robótica, Edge Medica e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná. Para o Secretário Aldo Bona, o feito projeta o Paraná como protagonista da inovação em saúde, com impacto direto na qualidade de vida da população e na democratização do acesso à medicina de ponta.

Testes

A Scolla Centro de Treinamento de Cirurgiões já havia testado a tecnologia em agosto, quando pela primeira vez na América Latina foi realizada uma cirurgia robótica à distância. Da sala de simulação do Hospital do Câncer de Cascavel (CEONC), o cirurgião digestivo Paolo Salvalaggio conduziu a retirada da vesícula de um suíno (animal de experimentação) em Campo Largo, a quase 500 quilômetros de distância.

O procedimento anterior mobilizou uma infraestrutura tecnológica de ponta, composta por dois robôs — um no CEONC, equipado com console de comando, e outro na Scolla, com braços articulados — além de um módulo de telecirurgia para decodificação de sinais. A tecnologia de comunicações envolve fibra óptica, internet móvel 5G, 6G e satélite, garantindo uma transmissão estável.