Milhões de brasileiros convivem com problemas de visão que poderiam ser prevenidos ou tratados com acompanhamento oftalmológico regular. Em abril, a campanha Abril Marrom chama a atenção para a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do acesso a informações sobre a saúde ocular, buscando reduzir os impactos das doenças nos olhos e melhorar a qualidade de vida da população.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos casos de cegueira são evitáveis, seja por meio da prevenção ou de tratamento adequado. “Muitas doenças oculares se desenvolvem de forma silenciosa, sem apresentar sintomas nas fases iniciais. Por isso, realizar exames oftalmológicos regularmente é essencial”, alerta o Dr. Luis Guillaumon, oftalmologista do Hospital Dia Campo Limpo e M’Boi Mirim II, gerenciados pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
A identificação precoce e um acompanhamento médico regular podem evitar complicações e o agravamento de doenças oculares, como o glaucoma, a principal causa de cegueira irreversível no mundo. “Se diagnosticada precocemente e tratada de maneira adequada, é possível evitar o agravamento dos danos ao nervo óptico e controlar a evolução da doença”, explica o especialista
No caso da catarata, também uma das principais doenças que levam à cegueira irreversível, não existem tratamentos medicamentosos. “Mas a cirurgia realizada no momento certo pode restaurar a visão completamente. Por isso, ter acesso à informação e consultar um médico é tão importante.”
No que se refere à retinopatia diabética, não há cura, mas o estágio da doença é fundamental para evitar seu avanço e prevenir a cegueira irreversível. “Nesse caso, o controle glicêmico do paciente é primordial. Portanto, o acompanhamento nutricional é recomendado. Além disso, há a possibilidade de tratamentos como fotocoagulação a laser, injeções intravítreas e até cirurgia de vitrectomia, que ajudam a impedir a perda visual total”, salienta Dr. Luis.
Entre os grupos de risco dessas doenças, estão pessoas com histórico familiar de doenças oculares, diabéticos, hipertensos, idosos acima de 60 anos e indivíduos com alta miopia. Crianças também devem ser avaliadas a partir dos 3 a 4 anos, para identificar precocemente problemas como a ambliopia (conhecida como “olho preguiçoso”). Para adultos sem fatores de risco, os exames oftalmológicos devem começar por volta dos 40 anos, com frequência definida de acordo com a recomendação médica.
Principais exames e sinais de alerta
As consultas de rotina costumam incluir exames como acuidade visual (teste de leitura), tonometria (avaliação da pressão intraocular), fundo de olho (para observar a retina e o nervo óptico) e refração (para diagnosticar erros como miopia, hipermetropia e astigmatismo). “Esses procedimentos são simples e fundamentais para detectar desde alterações leves até doenças mais graves, garantindo o tratamento adequado”, esclarece o médico.
Manter atenção a pequenos sinais é uma medida importante para a preservação da visão. Perda súbita da visão, flashes de luz, manchas ou sombras no campo visual, dor ocular intensa, vermelhidão persistente ou sensação de corpo estranho nos olhos são indícios que exigem avaliação oftalmológica imediata.
Além disso, a adoção de hábitos saudáveis — como uma alimentação rica em vitaminas A, C e E, uso de óculos com proteção UV, evitar coçar os olhos, manter a higiene das mãos e das lentes de contato, e fazer pausas regulares durante o uso de telas digitais — contribui significativamente para a saúde ocular ao longo da vida.
Vale destacar que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimentos oftalmológicos gratuitos à população. Por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o usuário recebe orientações, realiza exames iniciais e, quando necessário, é encaminhado para consultas com especialistas e até procedimentos cirúrgicos.
“Informar-se sobre os serviços públicos disponíveis é um passo importante para garantir o cuidado adequado com a saúde dos olhos, sobretudo entre as populações mais vulneráveis”, reforça Dr. Guillaumon “A visão é um bem precioso que impacta diretamente a autonomia, o aprendizado, a vida profissional e a segurança. Cuidar dos olhos é cuidar da qualidade de vida. Faça exames oftalmológicos regularmente e procure os serviços de saúde da sua região. Prevenir é sempre o melhor caminho”, finaliza.