Os fim do verão é de alta temperatura em todo o País. É importante lembrar que o calor extremo pode ser prejudicial à saúde, especialmente para o cérebro. No Rio de Janeiro foi registrada sensação térmica de mais de 60 graus dois dias seguidos, o que coloca em risco a vida das pessoas.
Em entrevista, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em Neurociências e indicado membro da Sigma Xi, a sociedade científica mais importante do mundo, explica os riscos do calor para o cérebro e como se proteger.
Efeitos do calor no cérebro
O Dr. Agrela explica que o calor excessivo pode levar a diversos efeitos no cérebro, incluindo:
Aumento da temperatura corporal: A temperatura corporal ideal é de 37 graus Celsius. Quando a temperatura corporal aumenta, o cérebro precisa trabalhar mais para manter o corpo funcionando adequadamente. Isso pode levar a fadiga, tontura, náusea e até mesmo desmaio.
Desidratação: A desidratação pode causar diversos problemas no cérebro, incluindo dor de cabeça, confusão mental e dificuldade de concentração.
Danos às células cerebrais: Em casos graves, o calor excessivo pode danificar as células cerebrais, levando a problemas neurológicos permanentes.
Genética e neurotransmissores:
O Dr. Agrela destaca que a suscetibilidade ao calor pode ter um componente genético. Algumas pessoas têm genes que as tornam mais propensas a sofrer os efeitos do calor no cérebro.
Neurotransmissores: O calor também pode afetar os níveis de neurotransmissores no cérebro, como dopamina, serotonina e norepinefrina. Esses neurotransmissores são importantes para a regulação da temperatura corporal, do humor, do sono e da cognição.
Regiões do cérebro:
O Dr. Agrela explica que o calor pode afetar diversas regiões do cérebro, incluindo:
Hipotálamo: Responsável pela regulação da temperatura corporal.
Amígdala: Envolvida na percepção de estresse e na resposta emocional ao calor extremo.
Córtex insular: Processa informações sensoriais relacionadas à temperatura, incluindo a sensação de dor.
Tronco cerebral: Controla funções vitais como respiração e frequência cardíaca, que podem ser afetadas pelo calor excessivo.
Consequências e riscos neurológicos permanentes:
Dano cerebral: Em casos graves de hipertermia, pode ocorrer dano cerebral permanente, com sequelas como hemiplegia, afasia e problemas de memória.
Doenças neurodegenerativas: Exposição prolongada ao calor excessivo pode aumentar o risco de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.
Grupos de risco
O Dr. Agrela destaca que alguns grupos são mais suscetíveis aos efeitos do calor no cérebro, incluindo:
Idosos: Os idosos têm mais dificuldade em regular a temperatura corporal e podem ficar desidratados mais facilmente.
Crianças: As crianças também têm mais dificuldade em regular a temperatura corporal e podem perder água mais rapidamente do que os adultos.
Pessoas com doenças crônicas: Pessoas com doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas e doenças renais, podem ter mais dificuldade em lidar com o calor.
Pessoas com doenças neurodegenerativas: Pessoas com doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, podem ser mais suscetíveis aos efeitos do calor no cérebro.
Como se proteger do calor
O Dr. Agrela oferece algumas dicas para se proteger do calor:
Beba bastante água: É importante beber água mesmo que você não esteja com sede. A quantidade ideal de água varia de acordo com a idade, peso, nível de atividade física e temperatura ambiente.
Evite atividades extenuantes no calor: Se você precisa fazer atividades ao ar livre, faça-as no início da manhã ou no final da tarde, quando o sol está menos intenso.
Use roupas leves e frescas: As roupas leves e frescas ajudam a dissipar o calor.
Use protetor solar: O protetor solar ajuda a proteger a pele dos raios solares, que podem causar queimaduras e aumentar o risco de câncer de pele.
Fique em ambientes frescos: Se possível, fique em ambientes frescos e com sombra.
Tome um banho frio ou morno: Um banho frio ou morno pode ajudar a baixar a temperatura corporal.
Use um ventilador ou ar condicionado: Um ventilador ou ar condicionado pode ajudar a circular o ar e manter o ambiente fresco.
Em caso de sintomas graves
O Dr. Agrela alerta que é importante procurar atendimento médico em caso de sintomas graves, como:
Febre alta: Febre alta pode ser um sinal de desidratação ou de outras complicações graves.
Convulsões: As convulsões podem ser um sinal de dano cerebral.
Alterações no estado mental: Alterações no estado mental, como confusão ou desorientação, podem ser um sinal de desidratação ou de outras complicações
O calor extremo pode ser prejudicial à saúde, especialmente para o cérebro. O Dr. Agrela ressalta a importância de estar atento à genética individual, pois algumas pessoas podem ser mais suscetíveis. Ao entender como o calor afeta o cérebro, podemos nos proteger melhor.
Siga as dicas mencionadas e, em caso de dúvida, consulte um médico. Lembre-se, a hidratação é fundamental! Aproveite o verão com segurança e sabendo como cuidar do seu bem-estar cerebral.