Síndrome Dolorosa Miofascial é mais comum do que parece

Doença é causada pelo sedentarismo ou sobrecarga de trabalho, e é umas das queixas mais frequentes em consultórios médicos

Bem Paraná

Tensão muscular intensa e prolongada, acompanhada de dor e sensação de fraqueza. Estes são alguns dos sintomas da síndrome dolorosa miofascial, doença pouco conhecida, porém cada vez mais observada na população devido ao sedentarismo associado a sobrecarga de trabalho.

Ela é a principal causa de dores musculares e uma das queixas mais frequentes em pronto-atendimentos dos hospitais, explica a anestesiologia e especialista em dor do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), Cristina Martins.

De acordo com a especialista, a síndrome miofascial, é caracterizada por dores em diversas partes do corpo, causadas pela tensão muscular intensa e prolongada. Seu aparecimento é mais comum a partir dos 30 anos de idade. Mas pode ocorrer na infância até a velhice, destaca Dra. Cristina.

Pode surgir após grandes traumas, cirurgia na região, acidente com trauma da região- batidas, lesões, estiramentos – causado pelo alongamento excessivo, ou por microtraumas – sobrecarga da musculatura diária através de má postura e atividades repetidas associadas ao sedentarismo. A dor piora com o repouso prolongado e também com a atividade física excessiva e pode apresentar também inchaço na região afetada, explica a médica.

Diferente da fibromialgia, a dor miofascial tende a ocorrer em pontos de gatilho – áreas localizadas que com o estímulo desencadeiam dor, ao contrário de pontos sensíveis da fibromialgia que tendem a se espalhar. Os locais mais acometidos são – pescoço, ombros, costas, costelas, região lombar e quadril. É uma doença benigna mas que altera e reduz a qualidade de vida, portanto necessita de tratamento, destaca a especialista.

Se não tratada, a síndrome pode atingir outros músculos próximos por sensibilização a dor. Quando temos dor nossa tendência é imobilizar a região dolorosa e com isso sobrecarregamos outros músculos para compensar os que estão imobilizados, explica a especialista. Ela exemplifica: Quando sentimos dor em um dos lados do quadril, sobrecarregamos o lado oposto, isto pode ocasionar dores em toda a estrutura diz a médica.

A  médica explica que, apesar da dor, os exames de laboratório e de imagem costumam estar normais. O diagnóstico da doença é feito  por um exame físico na região que o paciente sente a dor, denominada de banda de tensão muscular. Dentro dessa banda, encontra-se  um ponto mais doloroso, que quando apertado reproduz a dor sentida pelo paciente, chamada de ponto gatilho.

Podemos observar inchaço na região atingida e a formação de pequenas depressões na pele que fica com aspecto de casca de laranja,  diz a médica. O tratamento é feito com medicação e terapias físicas, para o alívio da dor – com medicação, liberação das bandas  de tensão – por meio de massagem, alongamento muscular, laser, ou agulhas; e reabilitação com atividades físicas para alongamento e fortalecimento muscular.


COMO PREVENIR
Algumas dicas para evitar o problema:
– Fazer atividade física regular é a melhor saída para quem não quer ter dor miofascial.
– Modificar posturas viciosas e incorretas no trabalho e na execução de tarefas diárias – como não ler na cama, não dormir no sofá, não utilizar o ombro para segurar o celular, cuidar ao levantar peso, sentar de forma correta.
– Fazer pausas para alongamento e relaxamento quando a atividade é repetitiva.
– Procurar reduzir o estresse – quem é muito estressado acaba desenvolvendo contraturas da região do pescoço e de ombros.
– Dormir bem é fundamental: reservar ao menos de 6 a 8 horas diárias para um bom sono. É durante o sono profundo que nossa musculatura relaxa e libera a tensão.
– Alimentação saudável também é muito importante: deficiências de vitamina D e B12, e de ferro podem aumentar a dor muscular.


SINTOMAS
– Pontos-gatilho (Trigger Point) , são usados para o diagnóstico diferencial. São áreas focais localizadas nas bandas do músculo esquelético, hiperirritáveis a um simples toque..
– Dor local com um padrão próprio que muitas vezes se acompanham de lesões músculo-esquelético crônicas. A formação de pontos de gatilho pode se desenvolver devido a traumas agudos ou micro traumas repetitivos que promovem a tensão nas fibras musculares
– Dor regional persistente, resultando em um intervalo menor de movimento nos músculos afetados. Estes incluem os músculos usados para manter a postura corporal, tais como aqueles no pescoço, ombros e cintura pélvica.
– Cefaléia tensional, zumbido, dor na articulação temporomandibular, diminuição da amplitude de movimento nas pernas e dor lombar estão entre as dores.


TRATAMENTO
– Meios físicos: massagem, calor, crioterapia, eletroterapia etc;
– Pulverizador tópico de ação congelante (fluorometano ou cloro etílico) e estiramento do músculo afetado;
– Acupuntura: 5-10 sessões semanais ou quinzenais de 30-60 minutos;
 – Fisioterapia: cinesioterapia; alongamento muscular no sentido contrário à ação do músculo;
– Suporte psicológico: se houver distúrbios do humor; manobras de relaxamento, biofeedback (6-12 sessões semanais), procedimentos cognitivo-comportamentais.   
 – Analgésicos; antiinflamatórios não estereoidais; relaxante musculares (usar nos espasmos musculares e dores cervicais, lombares ou da ATM; ciclobenzaprina ou tinadizina; antidepressivos; anticonvulsivantes.