Três hábitos comuns podem colocar o cérebro em risco. Veja quais

Assessoria de imprensa, editada por Lycio Vellozo Ribas
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O neurocirurgião Dr. Denildo Veríssimo. Foto: divulgação / assessoria de imprensa

Na rotina acelerada, é cada vez mais comum buscar alternativas rápidas para aliviar tensões e desconfortos musculares. Massagens, dispositivos eletrônicos de relaxamento e hábitos cotidianos que parecem inofensivos fazem parte do dia a dia de muitas pessoas. No entanto, algumas dessas práticas podem trazer riscos sérios para a saúde cerebral se não forem adotadas com cuidado e orientação adequada.

O neurocirurgião Dr. Denildo Veríssimo, especialista em doenças do crânio, coluna e técnicas minimamente invasivas, alerta para três atitudes do dia a dia que podem comprometer a saúde cerebral. As orientações têm como base pesquisas e dados de instituições de referência em saúde.

Primeiro hábito

O primeiro hábito prejudicial trata sobre o uso de pistolas massageadoras no pescoço. Segundo o especialista, as forças repetitivas aplicadas nessa região podem lesar artérias vertebrais e carótidas, aumentando o risco de dissecção arterial. Esse tipo de lesão é responsável por 10 a 25% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) em pessoas jovens e de meia-idade, de acordo com estudos publicados pelo National Institutes of Health (NIH) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A presença de aterosclerose ou hipertensão eleva ainda mais o perigo, pois placas podem se soltar e obstruir o fluxo sanguíneo cerebral.

Segundo hábito

O segundo alerta envolve algo “simples”, segurar o espirro. O ato, que pode parecer inofensivo, eleva de forma súbita a pressão intracraniana e intraocular. Relatos clínicos apontam casos de ruptura de tímpano, hemorragia ocular e, em situações raras, eventos vasculares cerebrais. A American Academy of Otolaryngology recomenda que nunca se bloqueie o espirro, justamente para evitar danos à estrutura do ouvido e ao sistema vascular.

Terceiro hábito

O terceiro hábito prejudicial: ouvir música em volume elevado. A perda auditiva induzida por ruído é um dos fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de demência, segundo relatório da Lancet Commission on Dementia Prevention. Pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo (USP) e publicada pela Agência Fapesp identificou que a perda auditiva na meia-idade acelera o declínio cognitivo, reforçando a necessidade de proteger a audição como medida preventiva para manter a saúde cerebral.

Quando essas condições evoluem para quadros graves, o tratamento pode variar bastante. Em casos de dissecção arterial, pode haver intervenção cirúrgica ou endovascular para restaurar o fluxo sanguíneo, embora o prognóstico dependa da extensão da lesão e do tempo de atendimento. Lesões no tímpano muitas vezes podem ser reparadas por cirurgia, com boa recuperação auditiva. Já danos cerebrais causados por AVC ou perda cognitiva associada à demência são, na maioria das vezes, irreversíveis, mas podem ter progressão controlada com acompanhamento médico, fisioterapia, reabilitação e mudanças no estilo de vida.

Outros hábitos nocivos

Além desses três hábitos, o Dr. Denildo Veríssimo reforça que outros comportamentos também exigem atenção quando o objetivo é preservar a saúde cerebral. A privação crônica de sono, por exemplo, aumenta o risco de problemas de memória e de desenvolvimento de demência, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). O consumo excessivo de álcool, conforme alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS), está associado à atrofia cerebral e a maior incidência de AVC. A inatividade física reduz o fluxo sanguíneo para o cérebro e prejudica funções cognitivas, sendo que a OMS recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana para adultos. Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, como mostram estudos publicados na JAMA Neurology, aceleram o declínio cognitivo e aumentam a inflamação. Já o uso prolongado de telas à noite prejudica a qualidade do sono e, a longo prazo, afeta a consolidação da memória.

Para o Dr. Denildo Veríssimo, pequenas mudanças no dia a dia podem reduzir de forma significativa o risco de lesões e doenças neurológicas. “A prevenção começa com a consciência sobre os hábitos que adotamos. Ao evitar práticas potencialmente perigosas, estamos preservando não apenas o cérebro, mas a qualidade de vida como um todo”, conclui o neurocirurgião.