A cidade natal de Albrecht Dürer merece boas lembranças e não apenas aquelas dos anos negros da época hitlerista. Renascida das cinzas, Nuremberg recuperou o brilho dos tempos dos Mestres Cantores. Dizem os intelectuais que Nuremberg sempre produziu artistas, lápis, salsichas, brinquedos e heresias. Como as de Lutero. Ou de Mein Kampf. Ficou na memória do mundo a associação da capital da Franconia com as catedrais de luz, o processo dos “grandes senhores”, as bandeiras do Reich.

Nuremberg foi arrasada na quase totalidade pelos bombardeiros americanos. Aos poucos, depois de tanta miséria, a cidade de Dürer e dos Meistersinger, pacientemente reproduziu sua aparência do passado, como o fizeram Gdansk e Saint Malo. Fechada por muralhas, Nuremberg tem no Kaiserburg a mesma imponência dos Habsburgos ou de Carlos V.

Do alto de seu torreão se avista a cidade e, ao lado, a casa do mestre Albrecht, sempre visitada por turistas japoneses e grupos de estudantes. No centro, em meio a fachadas góticas, o Hauptmarkt concentra os visitantes para ver o desfile dos coloridos sete príncipes eleitores que desfilam diante do imperador Carlos IV enquanto o carrilhão marca o meio do dia. A Shöner Brunnen, fonte que é o orgulho da cidade histórica, é ponto de referência para fotos.

Dos dois lados do rio Pegnitz, que passa calmamente pela cidade, as igrejas Saint Sebald e Saint Laurent guardam obras de arte. Além das muralhas, das casas que lembram o passado, os tesouros, os museus, Nuremberg é uma cidade alegre, cheia de cervejarias rústicas e movimentadas. O cheiro é de chucrute (repolho azedo), salsicha assando, cerveja e bom humor. Gemütlich, com dizem os que gostam de pão preto, pães de especiarias, mostarda. Por lá circulam senhoras rotundas, burgueses  em dirndl (traje típico), executivos com o último lançamento Kalvin Klein, punks cheios de tatuagens, piercings, couro preto e correntes.

Nesta época do ano, o Mercado de Natal é a grande atração. É unanimidade considerar a capital dos brinquedos como a mais bonita feira natalina. Pelo menos é a mais antiga da Alemanha. Começa na sexta-feira que antecede o primeiro domingo do Advento e segue até as vésperas do Natal, sempre no Haupmarkt.