Turismo

Cavaleiros no Século XXI: Ordem Medieval de Compostela chegou ao Paraná; confira roteiro

Ana Ehlert
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Cavaleiros no Século XXI: a Ordem Medieval que chegou ao Paraná. (Igor Jacinto/Vice-governadoria)

O Paraná terá o primeiro Caminho Iniciático de Santiago de Compostela fora da Europa. Nesta quarta,24, governador em exercício Darci Piana foi empossado como Cavaleiro da Ordem de Santiago, título concedido pela entidade criada no século XII e que hoje é responsável por promover o Caminho de Santiago de Compostela.

A cerimônia foi em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, onde implantando o primeiro Caminho Iniciático de Santiago fora da Europa, aos moldes da tradicional rota de peregrinação espanhola. Os cavaleiros e damas ordenados na cerimônia apoiaram a implantação do Caminho Iniciático no Paraná, que vai fomentar o turismo religioso e a geração de renda nos municípios envolvidos.

A rota tem 104 quilômetros de extensão, passando por quatro cidades, e quem percorrer todo o trajeto a pé ou fizer a ida e volta de bicicleta pode reduzir a jornada no caminho até Compostela, recebendo um passaporte que confirma que já iniciou a peregrinação.

O Governo do Estado é parceiro do projeto e foi responsável pela sinalização ao longo da rota. “Eu participei da implantação da Rota da Fé, aqui em Campo Mourão, e mais tarde deste projeto do Caminho Iniciático de Santiago de Compostela. Por isso recebo essa homenagem com muita honra, por ter ajudado nosso Estado a ter essa rota, que esperamos, que no futuro, seja tão grande como a da Espanha”, disse Piana. “É um trabalho que está só começando, mas que vai trazer muitos turistas e beneficiar o comércio das comunidades por onde ela passa”.

4 cidades da rota de peregrinação do Paraná

A rota de peregrinação paranaense foi chancelada pela instituição responsável pelo Caminho de Santiago de Compostela, uma das rotas mais antigas e percorridas no continente europeu, criada no século XI e que deve receber, neste ano, 500 mil peregrinos.

Quais benefícios nova rota do Paraná leva para região

O chanceler da Ordem de Santiago, dom Alejandro Rubín Carballo, explicou que a proposta de trazer para a América a tradicional rota espanhola ajuda na divulgação do Caminho de Santiago, além de desenvolver os territórios por onde ela passa. “Pretendemos fazer uma rota de peregrinação permanente, nos 365 dias do ano, para ajudar a desenvolver os lugares por onde ela passa. O peregrino que fizer esse percurso vai precisar pernoitar por quatro ou cinco noites, consumir alimentos, ficar em hospedagens”, disse. 

“A cidade de Compostela recebe de 2,5 mil a 3 mil pessoas por dia, e depois da pandemia, mais peregrinos passaram a fazer esse caminho, principalmente famílias. Porque perceberam que a fé e o contato com a natureza são importantes, e tudo isso está presente no Caminho Iniciático de Santiago aqui no Paraná”, ressaltou Alejandro.

O trajeto ajuda a promover o turismo religioso do Paraná, contribuindo com a geração de empregos e renda nas comunidades envolvidas. A rota passa por igrejas, capelas, santuários, catedrais, cachoeiras e por muitas propriedades da agricultura familiar, ajudando na renda da população local por meio da venda de produtos. A rota termina da cidade de Fênix, que conta com ruínas de uma redução jesuítica espanhola, instalada no Paraná no século XVI.

“Para o Estado do Paraná, esse caminho iniciático, essa nova rota que começa aqui no Paraná, consolida todo o trabalho desse Comitê de Turismo Religioso. Ele vai unir as cidades e as comunidades, gerando emprego, trabalho e renda, além da fé”, ressaltou o coordenador do Comitê Interinstitucional do Turismo Religioso no Paraná, Eliseu Rocha. “E não é só um projeto que trabalha com a fé, mas gera qualidade de vida e melhora a renda das pessoas”. 

“O projeto tem como raiz as caminhadas da Rota da Fé, que existem desde 2006 em Campo Mourão. Então em cooperação com a Associação Internacional de Cooperação e Desenvolvimento do Turismo no Mundo, criada junto Ordem de Santiago, que queria promover os caminhos iniciáticos pelo mundo, trouxemos o primeiro deles para cá”, explicou o capelão da Ordem do Caminho de Santiago no Brasil, padre Gaspar Gonçalves da Silva, responsável pelo projeto na Diocese de Campo Mourão.

A história da Ordem de Santiago, do século XII ao Paraná

A Ordem de Santiago foi fundada em 1170 pelo rei espanhol Fernando II de León para defender a cidade de Cáceres contra invasores, além de ser responsável por manter albergues e hospitais para peregrinos e ajudá-los no trajeto até o túmulo do Apóstolo Santiago.

“Na Idade Média, as pessoas viajavam até Santiago de Compostela para visitar a tumba do apóstolo, e muitas vezes tinham dificuldades nesse trajeto. Os cavaleiros eram responsáveis por prestar apoio a eles durante a peregrinação. Isso não é mais necessário, mas mantemos essa tradição até hoje a quem contribui com a promoção do Caminho de Santiago e fomenta a devoção ao apóstolo”, explicou Alejandro.

Extinta no século XIX, a Ordem de Santiago foi reinstaurada como uma associação civil durante o reinado de Juan Carlos I, que comandou a Espanha entre 1975 e 2014. Seu principal objetivo é unir e promover o Caminho de Santiago e todos os povos e comunidades que o compõem.

Atualmente, mais de 1,6 mil Cavaleiros e Damas do Caminho de Santiago são membros dessa Ordem. Têm direito ao título homens e mulheres maiores de 18 anos que, por suas qualidades humanas, prestígio e defesa dos valores do Apóstolo Santiago, contribuam para manter viva a tradição da Ordem, que em essência são os valores dos cavaleiros medievais, mas adaptados aos tempos atuais.

Além de Darci Piana, também se tornaram membros da Ordem os prefeitos de Campo Mourão, Douglas Fabrício, de Fênix, Junior Molina, e de Corumbataí do Sul, Alexandre Donato, os empresários Geraldo Sebastião dos Santos, Antônio de Jesus Rorato, Karina Pedrollo Alvadori, Tiago Rorato, a religiosa Mirabilis Deus, o coordenador Nacional do Chile na Rede Mundial de Destinos de Turismo Religioso, Juan Gabriel Jorquera, o vigário da Catedral São José de Campo Mourão, Wesley Almeida dos Santos, a arquiteta Maria Belmira Momo Angeli, os produtores agrícolas Rodrigo Salvadori e Antonio Gancedo e o ex-presidente da Sanepar Mounir Chawoiche.

“É uma emoção receber essa honraria, que aumenta a nossa responsabilidade com esse projeto de turismo religioso, na área da fé, para incentivar, motivar e apoiar as pessoas que percorrem esse caminho”, afirmou o prefeito de Campo Mourão, Douglas Fabrício. “É também a oportunidade de divulgar nosso município e nossa região para o Paraná, o Brasil e o mundo. O projeto pegou para valer, graças à  grande força da Igreja Católica, mobilização de lideranças, o apoio do governo e parceria dos municípios”.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, também foi homenageado na solenidade por seu apoio na implantação do Caminho Iniciático quando estava à frente da Secretaria de Estado do Turismo.