A adolescência é uma fase de intensa transformação da pessoa, marcada por uma série de desafios que moldam a identidade e o futuro dos jovens. A expressão “aborrescência” virou uma forma simplista, e até cruel, de definir esse período da vida.
De acordo com Cris Aguiar, psicóloga sistêmica familiar, o que está por trás dessa fase vai muito além da rebeldia ou das mudanças de humor.
“O cérebro do adolescente está em intensa transformação, especialmente no córtex pré-frontal, região ligada à tomada de decisão, planejamento e controle dos impulsos. Esse processo de maturação só se completa por volta dos 24 anos. Enquanto isso, os circuitos ligados à recompensa e à dopamina estão em plena atividade, o que leva os adolescentes a buscar experiências novas, intensas e muitas vezes arriscadas. Por isso, cada emoção, cada amizade, cada frustração, é vivida como algo grandioso. Muito distante da caricatura da “aborrescência”, a adolescência é uma etapa vital de reorganização cerebral, social e emocional”, afirma a psicóloga.
Durante a adolescência, os filhos buscam maior autonomia e começam a questionar regras e valores. É nesse momento que a presença e a participação ativa dos pais ou responsáveis faz toda a diferença.
O que é mais difícil: ser pai de adolescente ou ser adolescente?
Se antes a preocupação se voltava para os cuidados básicos e a proteção direta, agora os pais e mães se deparam com a necessidade de guiar seus filhos em um labirinto de descobertas, inseguranças e busca pela própria identidade. Os adolescentes, em sua ânsia por autonomia, tendem a se afastar, questionar regras e buscar suas próprias opiniões. Essa rebeldia natural, muitas vezes, é interpretada pelos pais como rejeição ou desrespeito, gerando conflitos e a sensação de impotência.
Ser pai ou mãe de adolescente pode ser uma missão árdua. Enquanto os adultos lembram dessa fase como algo já superado, o jovem está atravessando sua primeira grande crise de identidade, marcada pela busca por pertencimento, liberdade e propósito. Soma-se a isso um corpo em transformação, uma vida emocional intensa e uma sociedade que cobra resultados imediatos.
Durante a adolescência, a construção da identidade é um processo central, em que jovens mergulham em questionamentos sobre quem são, seus valores e seu propósito. Essa busca por autoconhecimento, aliada à pressão de definir um futuro acadêmico e profissional, cria conflitos existenciais. A dualidade entre aproveitar a juventude e planejar o futuro gera uma forte cobrança interna, resultando em crises e inseguranças.
5 dicas para conversar com os filhos adolescentes
- Não invalide os sentimentos do adolescente. Acolhimento é fundamental.
- Enxergue essa fase como uma oportunidade de crescimento mútuo.
- Ajude seu filho a tomar as melhores decisões, com escuta ativa e parceria.
- Dê autonomia, mas sem se afastar.
- Explique que pode ser necessário um apoio terapêutico. E que isso não é um problema.
A frase “é só uma fase, vai passar” pode soar reconfortante, mas carrega o perigo de minimizar a vivência e os sentimentos dos adolescentes. Para quem está passando por essa fase, cada emoção é real e urgente.
“Quando pais, professores ou cuidadores reduzem a adolescência a algo transitório, deixam de validar a experiência do jovem e perdem a chance de construir vínculos de confiança. Essa postura pode gerar isolamento, falta de diálogo e até aumentar a exposição a comportamentos de risco. A adolescência não é uma “fase descartável”, é uma etapa fundamental do desenvolvimento, e precisa ser reconhecida como tal”, explica a profissional.
A adolescência, vista como oportunidade de crescimento mútuo em vez de conflito, permite que pais e filhos se desenvolvam juntos. Ao oferecer limites, escuta e valorização, adultos podem fortalecer laços e ajudar jovens a amadurecer, enquanto eles mesmos ressignificam suas experiências.
Para solicitar atendimento familiar a recomendação é entrar em contato nos canais indicados no site https://psicrisaguiar.com.br/ ou acessando o Instagram da profissional: @madrastas_psicrisaguiar.