
O urubu-de-cabeça-preta é o maior risco para os aviões que cruzam os céus do Brasil. Ele integra um Guia de Espécies para Gerenciamento do Risco de Fauna compilado pela Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos (SAC/MPor), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
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Com envergadura de até 1,5 metro e peso de até 3 quilos, o urubu-de-cabeça-preta foi responsável por 617 colisões registradas entre 2011 e 2024, sendo 280 com danos, em 120 aeródromos do país. O risco é mais elevado durante a fase de aproximação das aeronaves.
Nesse período, foram registrados 144 pousos de precaução devido ao impacto com a espécie. Como medida de mitigação, o Guia recomenda o monitoramento e o acionamento de órgãos responsáveis por controlar abatedouros, descarte inadequado de resíduos e aterros sanitários próximos a aeroportos.
Guia de espécies é inédito
O material, inédito no setor, reúne informações detalhadas sobre as espécies mais frequentemente envolvidas em colisões com aeronaves, com o objetivo de apoiar ações de mitigação em aeroportos de todo o país.
O Guia é um dos resultados do Projeto SAC Risco de Fauna, uma parceria entre a SAC/MPor e a UFSC para aprofundar o conhecimento científico sobre um problema que impacta a aviação civil em todo o mundo.
A publicação identifica as espécies com maior risco para a operação aérea e as classifica em um ranking que leva em consideração o total de colisões registradas, a gravidade do dano e o efeito sobre o voo, como pousos de precaução e arremetidas.
Guia lista 68 espécies com potencial risco
O ranking aponta 68 espécies críticas à segurança operacional, além de quatro espécies de morcegos. Entre as dez mais relevantes estão: seriema, fragata, capivara, urubu-da-mata, biguá, gavião-preto, anú-preto, carcará e águia-pescadora. O guia detalha o perfil de 30 dessas espécies e indica os aeroportos com maior número de registros.
Para a Coordenadora de Segurança Operacional e Carga da SAC/MPor, Raquel Rocha, o lançamento do Guia representa um marco para a aviação civil ao transformar conhecimento técnico e científico em uma ferramenta prática de gestão do risco.
“É uma entrega inédita, com impacto direto na rotina dos operadores aeroportuários e na conscientização do público. A parceria com a UFSC tem sido essencial para desenvolver soluções baseadas em evidências, reforçando nosso compromisso com a segurança da aviação e com políticas públicas eficazes”, afirma.
Raquel Rocha destaca ainda que a identificação genética das espécies envolvidas nas colisões tem contribuído para o aprimoramento das estratégias de mitigação.
Disponível em formato digital, o Guia de Espécies para Gerenciamento do Risco de Fauna pode ser acessado gratuitamente por meio da Plataforma Hórus, ambiente online que centraliza dados sobre risco de fauna e medidas de mitigação em aeroportos. O material é voltado tanto à comunidade aeroportuária quanto ao público em geral, promovendo a conscientização sobre os riscos e formas de prevenção.