Geraldo Bubniak – A Vila Capanema

A campanha do Paraná Clube no Brasileirão 2018 instigou os pessimistas de plantão. Baseados apenas na tabela, os comentaristas de resultado tentam criar um clima de tragédia no clube. 

No entanto, o clube vive seu período de maior organização desde o final dos anos 90. Lá no final daquela década, as principais fontes de arrecadação secaram no Paraná. Os dirigentes se perderam e uma série de decisões amadoras foram depredando a estrutura do clube. A crise financeira varreu o time para a segunda divisão. 

A pressa em retornar para a primeira divisão agravou a situação, com gastos fora da realidade e com pouca preocupação com a estrutura do clube.

FIM DO AMADORISMO
Para se ter uma ideia do abismo em que o Paraná estava, o então vice de futebol, Aramis Tissot, deu uma entrevista em 2009 afirmando que o clube ainda não tinha profissionalizado seu departamento de futebol. 

A profissionalização só foi concluída totalmente em 2017, com a chegada de Rodrigo Pastana. A partir dali, o Paraná passou a viver outra realidade.

RESPONSABILIDADE
A gestão de Leonardo de Oliveira teve como principal mérito controlar as finanças do clube. É verdade que as dívidas chegam a R$ 156 milhões, mas a diretoria tomou uma série de decisões que permite o clube domar esse montante. Antes, os débitos saíram do controle e faltava dinheiro em caixa para salários e outras despesas básicas. Hoje isso não ocorre mais. O departamento de futebol ganhou estabilidade.

A decisão mais corajosa de Leonardo de Oliveira foi controlar os gastos em 2018. A tentação de qualquer dirigente seria contratar reforços caros, com o objetivo de fugir do rebaixamento. Seria uma estratégia arriscada. Vários clubes com elencos caros acabaram caíndo para a Série B e acumularam dívidas imensas para o sofrido cenário financeiro da segundona.

A diretoria atual montou um dos times mais baratos da Era dos Pontos Corridos do Brasileirão. Não há dados precisos, mas é pouco provável que alguém tenha disputado a competição com um elenco tão barato. E, se os resultados foram péssimos, o desempenho não foi tão ruim. O Paraná apresentou bom futebol em várias partidas e perdeu em lances inexplicáveis — além dos erros de arbitragem em momentos cruciais.

ESTRUTURA
Como não fez loucuras em 2018 e ainda conseguiu investir em estrutura, o Paraná voltará mais forte em 2019, independente de qual divisão esteja. Se for rebaixado, a arrecadação será menor. Mesmo assim, o departamento de futebol tem hoje organização suficiente para conseguir o acesso em, no máximo, três anos. Não serão mais dez anos de segundona.