Nelson Orlando de Andrade/SUDIS – Ato teve como objetivo repudiar a ação de vandalismo que queimou

Representantes do Movimento Negro Organizado de Curitiba fizeram hoje a entrega simbólica de uma bandeira nacional ao chefe da Casa Militar do Governo do Estado, tenente-coronel Welby Pereira Sales. O ato, acompanhado pela Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social (Sudis), teve como objetivo repudiar a ação de vandalismo que queimou, na segunda-feira (01), a bandeira do Brasil que fica hasteada em frente ao Palácio Iguaçu.

Uma nova bandeira foi colocada no lugar da que foi danificada. O espaço do Pavilhão Nacional, como é chamado o local em ficam os mastros com as bandeiras do Brasil e do Paraná, precisou ser higienizado por conta de pichações. Além disso, o mecanismo que conduz o hasteamento teve que ser consertado, já que havia sido danificado pelos vândalos.

Denilton Laurindo, assessor da Sudis e presidente do Grupo de Trabalho dos Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná, explica que o Governo do Estado prima pelo diálogo com todos os movimentos sociais. “O governador Carlos Massa Ratinho Junior reconhece a importância do movimento negro e repudia todos os atos de racismo e de vandalismo”, disse.

“A manifestação de segunda-feira contra o racismo, e que reafirmou que vidas negras importam, é legítima. Alguns mal-intencionados que causaram malefícios à cidade e ao poder público, além de reconhecidos, precisam ser criminalizados pelo ato”, afirmou Laurindo. “Mas a manifestação é, de fato, uma luta legítima da população negra. Vidas negras importam e o enfrentamento ao racismo precisa ser discutido”, completou.

O chefe da Casa Militar também reafirmou que a luta do movimento antirracista é válida. “O que não podemos aceitar são os vândalos que vêm depredar e retirar a bandeira. Mas com certeza o Governo do Estado está sensível a todas as manifestações pacíficas. Estamos todos juntos”, disse.

Em um texto no site do Centro Cultural Humaitá, os ativistas negros esclarecem que os atos de vandalismo não correspondem à pauta do movimento e que foram feitos à revelia da organização da Marcha Antirracista. “Nossa preocupação hoje é resgatar os símbolos de igualdade. Queremos romper com a ideia de que o movimento negro é violento. O racismo e o preconceito que são violentos”, disse o professor Célio Jamaica.

Racismo – Na segunda-feira, por volta das 18 horas, coletivos antirracistas promoveram uma manifestação na praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná que reuniu cerca de 1,2 mil pessoas, sem registro de incidentes. O protesto foi inspirado nas manifestações que vêm sendo realizadas na Europa e nos Estados Unidos, após o assassinato de George Floyd pela polícia norte-americana.

Quando o ato já havia sido encerrado, um grupo de participantes intitulados antifascistas decidiu sair em passeata até o Palácio Iguaçu, onde arrancaram a bandeira brasileira e a queimaram. O grupo saiu então em direção ao centro, quebrando portas e janelas de vidro, fachadas de bancos, do Fórum e da sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e do shopping Mueller. A PM reagiu com bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os manifestantes. Oito pessoas foram detidas. Os organizadores do movimento original apontaram a suspeita de ação de “infiltrados”.