Pedro de Oliveira/Alep

A reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa que analisaria a proposta do governo do Estado de reajuste de 1% para os servidores públicos do Executivo no início da tarde de hoje foi cancelada. Segundo fontes da Casa, a governadora Cida Borghetti (PP) teria decidido adiar novamente a votação da proposta. O motivo seria o risco de uma derrota para o governo, já que além da oposição e do bloco independente, parlamentares da base governista, em especial o grupo do deputado estadual e pré-candidato ao governo, Ratinho Júnior (PSD), articulam a aprovação de uma emenda à proposta do governo para elevar o aumento para 2,76%, equivalente ao índice de inflação dos últimos 12 meses. 

O risco de derrota do governo na votação é real, segundo os parlamentares, já que 31 dos 54 deputados assinaram a emenda, que precisa de 28 votos para ser aprovada. Os líderes da oposição acusam a base do governo de esvaziar o plenário para tentar derrubar a sessão de hoje por falta de quórum, e assim, impedir a votação do reajuste. "A CCJ de hoje foi cancelada sem nenhuma explicação porque a base do governo ia perder a votação", disse o deputado Requião Filho (MDB). 

Diante da ameaça de rebelião de sua base, o líder do governo na Casa, deputado Pedro Lupion (DEM), articula a apresentação de um requerimento para adiar, por dez sessões, não só a votação do reajuste dos servidores do Executivo, mas também os projetos de reposição salarial para os funcionários do Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas, Ministério Público e Defensoria Pública. A questão já se arrasta há um mês, em razão do impasse. 

O governo alega não ter condições de pagar a reposição da inflação, afirmando que isso ameaçaria o acordo de renegociação da dívida do Estado com a União. Os servidores do Executivo cobram o mesmo índice de reajuste oferecido aos funcionários dos demais poderes. 

Os deputados da base governista temem o desgaste de votar o reajuste de 1% para os servidores do Executivo, e ao mesmo tempo, o aumento de 2,76% para os funcionários dos outros poderes, às vésperas do início do período eleitoral. 

Já durante a sessão, chegou à Assembleia uma nova mensagem da governadora, pedindo a retirada do regime de urgência ao projeto de reajuste. A bancada de oposição apresentou um requerimento para manter o regime de urgência para a tramitação da matéria.