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A procuradora do Trabalho Cristiane Sbalqueiro Lopes encaminhou nesta terça-feira (2) notificação à direção da rede de supermercados Condor para que o presidente da empresa, Pedro Joanir Zonta, compareça a uma audiência, marcada para às 17 horas, na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Curitiba, na Rua Vicente Machado, número 84. A notificação pede que o empresário paranaense esclareça informações contidas em uma carta encaminhada a funcionários da rede em que ele defende a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da República.

Entre outros pontos, a carta poderia sugerir que funcionários não receberiam 13º salário e férias em caso de derrota do candidato do PSL. A notificação foi feita após uma denúncia protocolada na manhã desta terça-feira.

Ao apontar que votará no candidato do PSL, Zonta elenca 11 motivos para justificar sua escolha e 11 para não votar “na esquerda”. Entre os tópicos, o empresário diz que Bolsonaro é “a favor da família”. Para o MPT, o ponto sensível da carta é o destaque à afirmação de “não haver corte no 13ª salário e nas férias dos empregados do grupo”, que é composto por 48 lojas no Paraná e em Santa Catarina.

“Nesta carta, fica o meu compromisso, com você meu colaborador hoje, de que não haverá de forma alguma, corte no 13º (décimo terceiro) e nas férias dos colaboradores do grupo Condor”, diz a carta assinada por Zonta.

A afirmação destacada é vista como ameaça aos funcionários. Além de dirigir o Condor, Pedro Joanir Zonta é presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras). Ele é fundador da rede de supermercados que tem aproximadamente 12 mil funcionários.

Para a advogada Carla Cristine Karpstein, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil seção Paraná (OAB-PR), a atitude é "no mínimo antiética". "Ele pode fazer um evento e apresentar seu candidato aos colaboradores, mas precisa deixar claro que cada um é livre para escolher o seu candidato, sem fazer qualquer tipo de menção a perdas ou ganhos se candidato A ou B ganharem ou perderem", afirma.

A assessoria da Apras informou que o empresário ainda não recebeu a notificação. "Nosso jurídico está tomando ciência da situação. Com relação à carta, trata-se de um documento interno do presidente da empresa a seus empregados, posicionando-se em relação à situação do país e das eleições", diz a assessoria.