Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-ministro da Saúde e deputado federal Ricardo Barros (PP) admitiu hoje a possibilidade de que a coligação de sua esposa, a governadora e pré-candidata à reeleição, Cida Borghetti (PP), conte com o ex-senador Osmas Dias (PDT) como candidato ao Senado ao invés do ex-governador Beto Richa (PSDB). A hipótese passou a ser cogitada depois que surgiu a possibilidade de Osmar desistir de disputar o governo para se candidatar ao Senado, ao mesmo tempo em que emperraram as negociações para a aliança com o PSDB de Richa.

“Quando eu falo do conjunto da obra é a eleição como um todo, são os atores, quem são os candidatos ao governador, a senador, a vice-governador, qual é o contexto. Não sei qual é o contexto. Se Osmar Dias é ou não é candidato ao governo. Se ele é candidato ao Senado, em qual chapa? Poderia estar na nossa chapa? Poderia. Para que esteja tem que ter uma vaga. Não pode estar fechada a chapa”, explicou Barros. 

Questionado diretamente se Osmar Dias poderia integrar a chapa de Cida, Barros recuou. “Não, não falei isso. Estou dizendo que se Osmar Dias deixar, trocar a candidatura dele ao governo, que nos interessa – quero que ele seja candidato ao governo; se me pergunta 'o que você quer?”, eu respondo 'quero Osmar Dias candidato a governador'. Agora, se ele deixar de ser, após a decisão dele, poderemos tratar dessa alternativa”, afirmou. “Pode acontecer para o nosso lado, para outro lado, ou para nenhum lado. Ele pode dizer 'não quero, vou para casa e acabou'. Nós não podemos anunciar uma chapa completa agora e depois acontece um fato relevante ao final do prazo e aí tem que desfazer o que foi feito, o que é muito mais difícil. Aguardar para fazer”, alegou. “Porque o quadro que está estabelecido de candidaturas, com ele (Osmar), com João Arruda (MDB), com Rosinha (PT), nós estamos confortáveis com esse desenho”.

Na semana passada, o ex-ministro chegou a dar por encerrada as negociações com Beto Richa, alegando que o ex-governador tendia a ser candidato avulso ao Senado em um “acordo branco” com o pré-candidato ao governo do PSD, deputado estadual Ratinho Júnior. Na ocasião, Barros afirmou ao Bem Paraná que Richa nunca havia declarado apoio à Cida, além de ter faltado à convenção do PROS/PMN, que fechou aliança com a governadora. Entre os motivos da divergência com o tucano estaria a exigência de que a coligação não lançasse o deputado federal Alex Canziani (PTB) como segundo candidato ao Senado. 

Ontem, na convenção do PSDB, Richa afirmou ainda esperar um acordo com o grupo de Cida, mas afirmou que sua candidatura ao Senado é irreversível “com ou sem aliança”. 

Agora, com a possibilidade de Osmar desistir de disputar o governo, Barros também vê a chance de atrair o pedetista para a coligação da governadora como candidato ao Senado. Segundo ele, tudo está em aberto e as decisões devem ser tomadas apenas no final do prazo para as convenções, no domingo. “Na eleição de 2010 a nossa chapa era Beto Richa (ao governo), Augustinho Zuchi de vice e Ricardo Barros ao Senado. Na véspera da eleição Osmar virou candidato ao governo e apoiou Requião e Gleisi (ao Senado). Mudou tudo na véspera”, lembrou o ex-ministro.

“Na eleição de 2014, Cida virou vice na véspera da convenção. Então não entendo qual é a ansiedade que existe nesta eleição em pensar que as coisas tem que ser resolvidas antes. Se nós fecharmos o nosso quadro antes, nós favorecemos o nosso adversário a formar o quadro dele diante de uma inovação já conhecida nossa. É absolutamente normal, dentro das regras do jogo político, onde cada vez mais as convenções delegam para suas executivas decidirem até o final do prazo”, avalia o marido da governadora. 

Barros participou hoje da convenção nacional do PP que aprovou a coligação com o candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin. No plano local, surgiu ainda a informação de que o PSDB nacional estaria tentando convencer Richa a desistir da candidatura ao Senado para concorrer a deputado federal. “Hoje nós estamos em Brasília, na convenção nacional do PP, aprovamos a eleição de Geraldo Alckmin como nosso candidato e delegamos para nossa executiva decidir, inclusive ad referendo, porque o partido é muito grande para decidir o vice. Então a gente vai decidir o vice aqui e vai depois, aprovar isso depois”, explicou o ex-ministro.