O caminhão Volvo NH, lançado em 1999, deixará de ser produzido no Brasil até o final do ano. De junho de 99 até agora, foram fabricadas 10 mil unidades deste modelo. Sucessor da linha NL, o NH começou a ser produzido em junho daquele ano. A fábrica brasileira da Volvo, localizada em Curitiba, no Paraná, foi a única do Grupo Volvo a produzir o NH. A planta paranaense abasteceu durante este período todo o Brasil, as Américas do Sul e Central, além de outros mercados na Europa, Ásia, Oriente Médio e África.


Os modelos NH produzidos em Curitiba podem ser encontrados transportando combustíveis no Oriente Médio, carga geral na Suécia, alimentos em Angola, materiais de construção em Cuba e toda a sorte de produtos no Brasil e em outros países da América do Sul. “Foi um modelo de muito sucesso”, afirma Bernardo Fedalto, gerente da linha “H” de caminhões Volvo.


O empresário Raimundo de Andrade, diretor da JR Transportes Logística Ltda., do município de Dias D’Ávila, na região metropolitana de Salvador, foi durante anos um entusiasta do NH. Dono de uma frota de 136 caminhões, 90% deles da marca Volvo, Raimundo comprou um dos primeiros caminhões NH fabricados no Brasil. “Na época, comprei um NH Top Class. Era um caminhão usado para fazer os tests-drives, antes mesmo de iniciada a comercialização deste modelo”, lembra o transportador. Atualmente com 38 unidades do NH na frota, ele usa os veículos para transportar produtos químicos a partir dos pólos petroquímicos de Camaçari, na Bahia, e de Paulínia, em São Paulo.


Mais carga


Nos últimos anos, o NH vinha gradativamente tendo sua produção diminuída em função de uma importante mudança no perfil das frotas dos transportadores brasileiros: desde há alguns anos as empresas de transportes vêm preferindo adquirir o modelo frontal – os caminhões Volvo FH.


Ao contrário do NH, cuja parte anterior da cabine se projeta para frente, onde está acoplado o motor, o FH tem uma cabine mais curta. Com o FH, o transportador pode usar um implemento mais longo e levar mais carga, tendo uma cabine tão confortável quanto a do NH. A cabine do NH, também conhecida como “bicuda”, não permite que as empresas e os caminhoneiros usem deste expediente e atendam à legislação que regula o transporte de cargas no País.


Para estabelecer o tamanho das composições que podem rodar nas estradas brasileiras, as leis nacionais levam em consideração o comprimento do cavalo mecânico mais o semi-reboque. A chamada Lei da Balança estabelece que as composições tenham um comprimento máximo de 18,15 metros para o caso de carretas de três eixos e de 19,8 metros para os bitrens.


“O transportador brasileiro está se profissionalizando, para buscar aumentar a capacidade de carga de sua frota em um mercado cada vez mais competitivo”, diz Fedalto. “A preferência pelo modelo FH está diretamente ligada à mudança do perfil da carga transportada no Brasil, que na última década vem ganhando uma crescente configuração industrial”, completa Sérgio Gomes, gerente de planejamento estratégico da Volvo do Brasil, referindo-se à transformação econômica ainda em curso no país. “Cargas industriais têm maior volume e menos peso, por isso precisam de uma composição mais longa”, explica o executivo.


História


Para Fedalto, o NH já faz parte da história do transporte comercial do país. “Não é possível pensar no transporte de cargas brasileiro sem o incluir o NH”, diz o gerente, já saudoso do veículo. “É um caminhão ao mesmo tempo resistente, com alto grau de tecnologia embarcada e grande disponibilidade”, observa Gomes. Em alguns períodos, as vendas do NH foram muito maiores que a dos outros modelos da Volvo.


Desde junho de 1999, quando o primeiro NH saiu da linha de produção da fábrica da Volvo em Curitiba, no Paraná, foram fabricadas 10 mil unidades. Antes do NH, a Volvo produzia outros modelos de caminhões, também “bicudos” – o N10, o N12, o NL10 e o NL12.