O tempo passa, os costumes políticos evoluem (mesmo que lentamente), mas na Assembléia Legislativa ainda prevalece o péssimo hábito entre alguns deputados de esconder e sonegar informações importantes sobre projetos que estão sendo discutidos pela Casa. Ontem, por exemplo, o deputado governista Nereu Moura (PMDB) tentou despistar a imprensa negando que a proposta de reajuste salarial para os servidores do Tribunal de Contas — que ele relatou na Comissão de Constituição e Justiça da Casa — previsse aumento retroativo. Como sempre, nenhum parlamentar se dispôs a fornecer a cópia do texto aos repórteres.
Flagrante
Moura só não contava com o fato de que os jornalistas — já escaldados por outros episódios semelhantes — fossem atrás do projeto na página da Assembléia na internet. E descobrissem que o texto diz claramente que o reajuste é retroativo a janeiro deste ano. O triste é perceber que, por mais que hajam avanços pontuais, os deputados continuam não honrando com sua palavra e agindo como se não tivessem a obrigação legal e funcional de prestar informações corretas à opinião pública.
Sumiço
Na sessão de ontem da Assembléia, o deputado Marcelo Rangel (PPS) questionou a real situação funcional do ex-superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) Eduardo Requião — que, no dia 25 de agosto, através do decreto 3308, foi nomeado secretário especial para Assuntos Portuários. Desde a última segunda-feira, o decreto desapareceu da página oficial do governo na internet, sendo que outro documento, com mesmo número e tratando de outro assunto, foi publicado. O deputado adiantou que vai apresentar hoje um pedido de informações à Casa Civil e ao governador. Rangel quer saber ainda se será formalizado o desligamento de Eduardo Requião da Superintendência dos Portos ou se as funções serão acumuladas.
Factóide
O líder do governo Requião na Assembléia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, descartou ontem, peremptoriamente, a possibilidade de seu colega Caito Quintana (PMDB) voltar à chefia da Casa Civil, em substituição a Rafael Iatauro. Nos bastidores da Assembléia é corrente que o governo deve, sim, promover uma reforma, mas só depois das eleições.
Adeus
O presidente da Cohapar, Rafael Greca, divulgou nota lamentando a saída de João Arruda (sobrinho do governador Requião) da diretoria da companhia. “João Arruda sempre agiu no interesse público, com a maior humildade e simpatia. Nunca se valeu de sua condição de sobrinho do Governador Requião. Esteve conosco, nas horas mais difíceis, com sacrifício de sua vida pessoal”, disse Greca.
Em alta
O DataSenado ouviu a população também sobre a atividade parlamentar durante as eleições. Pelos resultados, 57% das pessoas consideram que deixar Brasília e acompanhar as eleições nos Estados faz parte do trabalho dos senadores.
Em baixa
O juiz eleitoral Luiz Gonzaga Tucunduva de Moura ordenou que o candidato à Prefeitura de Londrina André Vargas (PT) suspenda a veiculação de suas propagandas na televisão. Vargas estaria praticando “propaganda irregular”.