O governador Requião voltou ontem a posar de vítima na “escolinha”. A certa altura, perguntou retoricamente para a platéia se ela sabia quanto ganha um governador, como argumento para criticar as multas de R$ 450 mil que já acumula na Justiça por usar as transmissões da TV Educativa para promoção pessoal e ataques a instituições.
Coitadinho
Ninguém respondeu, evidentemente, mas aí vai então a resposta: Requião tem um salário de R$ 24,5 mil, o maior entre todos os governadores brasileiros — e valor máximo que pode receber um agente público no País. O valor é superior inclusive ao do presidente Lula, que recebe R$ 8,9 mil por mês.
Contraste
O peemedebista também desafiou a Justiça a multá-lo, afirmando que não tem mesmo dinheiro. E que talvez tenha que montar uma banca de advocacia quando terminar o mandato. Na eleição de 2006, porém, Requião declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,1 milhão — o que certamente não o coloca na linha de pobreza.
QUEM CALA CONSENTE:
Acessório
Na questão da indicação do irmão do governador para conselheiro do Tribunal de Contas, chama a atenção o silêncio obsequioso da bancada do PT. O partido, que sempre teve uma postura moralista, e que no plano federal tem no fim do nepotismo uma bandeira, no Paraná adota uma posição de subserviência à vontade de Requião, rebaixando-se à condição de linha acessória do requianismo no Estado.
Boquinha
A atitude dos petistas, porém, não surpreende quem acompanha o dia-a-dia da política paranaense. Nesse sentido, o partido segue a cartilha da conveniência, em detrimento dos princípios ideológicos. Afinal, está cheio de petista com cargo de confiança no governo, e qualquer comportamento diferente significaria perder essas “boquinhas”.
Cinismo
O cinismo, aliás, parece ter se tornado uma marca de caráter da esquerda paranaense. Requião, por exemplo, questionado ontem sobre a eleição para o TC, reagiu alegando não ter nada a ver com a indicação do irmão. Como se nos últimos meses ele não tivesse se preocupado com outra coisa — inclusive chamando um a um os deputados no Palácio das Araucárias para garantir o cargo para Maurício.
Publicidade
A Assembléia Legislativa adiou ontem, por quatro sessões, a votação do projeto do líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), que tenta revogar lei aprovada pela Casa em 2007 que obriga o Estado a discriminar os gastos com publicidade em todos os anúncios e propagandas feitas por órgãos públicos. Romanelli alega que a lei é inviável e que a divulgação desses gastos já é feita de outras formas. Para a oposição, não há por que revogar a lei, que garante que a população possa saber exatamente os valores gastos pelo governo com publicidade.
Eterna novela
Ainda não foi desta vez que o novo projeto de resolução que promete livrar o Paraná da multa herdada da privatização do Banestado começou a tramitar no Senado. A votação do texto foi adiada ontem na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) por pedido de vista coletivo dos senadores Francisco Dornelles (PP/RJ) e Flexa Pinheiro (PSDB/PA).
Em alta
A JUSTIÇA ELEITORAL do Paraná cassou ontem mais quatro vereadores por infidelidade partidária. Com isso, já são 110 os vereadores que perderam o mandato no Paraná por mudarem de partido fora do prazo permitido por lei.
Em baixa
Os dois POLICIAIS MILITARES acusados de matar o menino João Roberto Soares, de 3 anos, em uma perseguição, no domingo, no Rio de Janeiro, foram indiciados ontem por homicídio doloso. Também foi pedida a prisão temporária dos dois PMs.