Paralisia

Bem Paraná

Pouco mais de dez dos 54 deputados estaduais apareceram na sessão de ontem, na Assembléia Legislativa — a primeira após a eleição. A maioria anida estava sob o impacto da campanha e não quis dar as caras. Com isso, as votações, que já estavam suspensas há quase um mês, permanecem totalmente estacionadas.


Grampos
O deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB) também preferiu deixar a poeira baixar no dia seguinte à eleição. Mas prometeu que hoje vai retomar a cobrança pela instalação da CPI dos Grampos, que investigará as suspeitas de envolvimento de integrantes do governo Requião com o esquema de escutas telefônicas clandestinas comandado pelo policial civil Délcio Razera, que trabalhava no Palácio Iguaçu e foi preso no início do mês. E garantiu que surgirão muitas novidades sobre o assunto.


Colheita
Rossoni disse não ter se surpreendido com o crescimento da oposição na reta final do primeiro turno, acima das previsões dos próprios oposicionistas. “O Requião está colhendo o que plantou. A rejeição entre policiais militares e professores é irreversível”, disse.


Queimado
O deputado Natálio Stica (PT), que não conseguiu se reeleger, não perdoa o colega de bancada Tadeu Veneri (reeleito), a quem culpa por sua derrota. Alega que Veneri o teria prejudicado ao apresentar um projeto “demagógico” para acabar com o nepotismo — a contratação de parentes de políticos em órgãos públicos do Estado. Stica seguiu a orientação do governador Requião e se ausentou da votação, “queimando a cara” com o eleitorado petista.


Sem classe
Stica também deu uma justificativa no mínimo curiosa para o péssimo desempenho de Lula no Paraná. Alegou que a classe média curitibana não quis votar em Lula. E que mesmo os mais pobres não o fizeram por uma “característica” cultural local: “Curitiba tem uma classe pobre que se acha classe média”, acredita.

Boca livre
Quem participou ontem do almoço na granja do Cangüiri, que reuniu o comando de campanha do governador Requião, atestou que o clima não estava para brincadeiras. E ainda saiu reclamando da comida — que estaria escassa, já que apareceu mais gente do que o esperado.


Faixa
Admitindo que o desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Paraná ficou muito aquém do esperado, o coordenador da campanha petista no Estado, Jorge Samek, pensa em passar a função para a candidata derrotada ao Senado, Gleisi Hoffmann. A decisão será tomada hoje, em reunião entre a executiva estadual e deputados eleitos no domingo.


Dossiegate
Samek também reconheceu que o estrago provocado pelo malfadado dossiê contra José Serra na campanha de Lula foi determinante. “As explicações dadas pelo governo não foram suficientes. Por isso precisamos realizar um trabalho dirigido neste segundo turno”, avaliou.


Formiguinhas
Por falar em PT, no Interior tem muito petista que vai trabalhar com dedicação pela eleição do senador Osmar Dias (PDT). O sinal verde foi dado ontem com o anúncio de neutralidade de Flávio Arns (PT).


Em alta
A CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA conseguiu manter o ritmo de votações e projetos, mesmo com boa parte dos parlamentares na disputa. Tudo graças à licença de vários vereadores que estavam em campanha e à manutenção da pauta.

Em baixa
A demora do GOVERNADOR ROBERTO REQUIÃO (PMDB) em falar sobre o segundo turno — ele só dá entrevista coletiva hoje — não foi bem recebida nem por correligionários. Eles acham que ele deu espaço para o adversário e passou a imagem de antipático.

* Esta coluna foi elaborada por Josianne Ritz com a colaboração dos editores do Jornal do Estado.