Di Cavalcanti
Em parceria com o Banco do Brasil, o Museu Oscar Niemeyer expõe 100 desenhos de Emiliano Di Cavalcanti, elaborados entre 1921 e 1964. (R. Mal Hermes, 999 fone 41-3350-4400). Destaque da programação do “Circuito Cultural Banco do Brasil 2007”, a mostra apresenta temas recorrentes do artista: caricaturas, cenas da vida noturna, carnaval, crítica social, retratos, tipos populares, figuras, ilustrações e painéis para cenários teatrais, além de trazer uma atmosfera da época vivida por ele.
Talvez o maior representante da identidade nacional, nasceu em 06 de setembro de 1897, no Rio de Janeiro, na casa de José do Patrocínio, cunhado de D. Rosália de Senna, sua mãe. Em 1914, quando morre seu pai, Di inicia o trabalho de caricaturas para a Revista Fon Fon. Dois anos depois, começa a vida artística, expondo no Salão dos Humoristas.
Estudou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, onde residiu, não concluindo o curso. Conviveu com Mário e Oswald de Andrade, Tarsila, Anita e Brecheret e, interessado em pintura, freqüentou o atelier do pintor impressionista George Elpons. Entretanto, é considerado um autodidata. Naquela época, o panorama das artes plásticas no Brasil era bastante desolador: a pouca informação, conjugada ao tradicionalismo, fazia a pintura depender das ultrapassadas correntes artísticas européias. Nesse contexto, tornaram-se muito importantes as exposições de Lasar Segall, em 1913, e de Anita Malfatti, em 17, esta duramente criticada. Esses dois episódios pertencem à história de um movimento direcionado às correntes modernistas européias.
Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, Di Cavalcanti organiza e participa da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando o catálogo e o programa, além de ter exposto doze pinturas.
Di viaja à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Freqüenta a Academia Ranson e expõe em Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdam e Paris. Conhece Picasso, Léger, Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Sua experiência do contato com o cubismo, expressionismo e outras correntes artísticas inovadoras, conjugadas à consciência da sua posição de artista brasileiro, concorreram para aumentar a sua convicção no propósito de ousar e destruir velhas barreiras, colocando a arte brasileira em compasso com o que acontecia no mundo.
Di Cavalcanti sabia estar no caminho certo esteticamente e Paris só reforçou as suas certezas. Entretanto, o ambiente do pintor não era o dos boulevares: Di Cavalcanti estava impregnado dos trópicos, de uma atmosfera sensual e quente.
Retorna ao Brasil em 1926 e ingressa no Partido Comunista. Segue fazendo ilustrações. Volta a Paris e no Rio de Janeiro cria os painéis de decoração do Teatro João Caetano.
Os anos 30 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto a sua liberdade como homem, artista e dogmas partidários. Inicia suas participações em exposições coletivas, salões nacionais e internacionais como a “International Art Center” em Nova York.
Em 1932, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. É preso durante a Revolução Paulista e em 1936; quando libertado vai para Paris e trabalha na rádio Diffusion Française. Lá, em 37 recebe medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira.
Na iminência da Segunda Guerra retorna a São Paulo, quando são extraviadas muitas das suas obras, que só irão reaparecer em 1966, nos porões da Embaixada brasileira.
Passa a combater o abstracionismo em conferências, artigos e também como escritor, jornalista e poeta, publica “Viagem da Minha Vida” e “Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca”, além de suas crônicas famosas.
Participa da I e é premiado na II Bienal de São Paulo, da Bienal de Veneza em 56 e recebe o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Oscar Niemeyer o convida para criar a tapeçaria do Palácio da Alvorada. Pinta a Via-Sacra da Catedral de Brasília. Recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte e título de Doutor Honoris Causa pela UFBA. Falece no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1976. Em suas palavras: “Criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe.”
Alguns sites sobre Di Cavalcanti: www.latinartmuseum.com, www.galeriaerrolflynme.com.br e www.pintoresfamosos.com.br