A quantidade de um químico encontrado no corante caramelo da Coca-Cola pode ser reduzido após ter sido considerado cancerígeno pela lei do estado americano da California e por um estudo feito por um grupo de defesa do consumidor nos Estados Unidos, informou a fabricante do refrigerante. O mesmo químico também é encontrado na Pepsi

Segundo as agências de notícias Reuters e AFP, tanto Coca-cola quanto Pepsi vão fazer a redução na Califórnia. A assessoria de imprensa da Coca-cola no Brasil informou que a medida pode ser tomada no estado americano, mas afirmou que não se trata de uma alteração na fórmula.

“O corante caramelo utilizado em nossos produtos é absolutamente seguro. Coca-Cola não alterará sua fórmula mundialmente conhecida. Mudanças no processo de fabricação de qualquer um dos ingredientes, como o corante caramelo, não têm potencial para modificar a cor ou o sabor da Coca-Cola. Ao longo dos anos já implementamos outras mudanças no processo de fabricação de ingredientes sem, entretanto, ter alterado nossa fórmula secreta. Continuamos a nos orientar por evidências científicas sólidas para garantir que nossos produtos sejam seguros. O elevado padrão de qualidade e segurança dos nossos produtos permanece sendo nossa mais alta prioridade”, disse a Coca-cola, em nota.

A AmBev, responsável pela Pepsi no Brasil, ainda não se pronunciou a respeito.

A controvérsia envolvendo o corante caramelo é antiga e atingiu seu pico nas últimas semanas. Em janeiro, o químico 4-metil imidazol (4-MI) entrou na lista de substâncias consideradas de risco na Califórnia. Nesta semana, um estudo conduzido por um grupo de defesa ao consumidor ( o Centro de Ciência de Interesse Público — CSPI, na sigla em inglês) afirmou que o 4-MI causaria câncer em animais.

Na pesquisa recente do CSPI, latinhas vendidas em Washington tinham entre 103 e 153 microgramas da substância. A legislação da Califórnia prevê que o limite considerado seguro para o consumo em uma latinha é de 29 microgramas (milionésimos de grama) de 4-MI.

Pelas normas brasileiras, estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso da substância na produção de corantes é permitido, desde que o teor de 4-metil imidazol não exceda no mesmo a 200mg/kg (duzentos miligramas por quilo).

Segundo o toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (Ceatox), a substância se mostrou tóxica para ratos e camundongos na concentração de 360 mg/kg, que é pouco menos que o dobro do limite legal no Brasil.

A vigilância sanitária dos Estados Unidos (a FDA – Administração de Comida e Drogas, na sigla em inglês), afirmou não acreditar que os refrigerantes causassem um risco real de câncer, mas que iria investigar a acusação do grupo. Um consumidor teria que consumir bem mais de mil latas de refrigerante por dia para alcançar as doses administradas [dadas aos animais] nos estudos que mostraram relação com o câncer em roedores, afirmou Doug Karas, porta-voz do FDA.

Na quinta-feira, a Coca-Cola informou em nota que os ingredientes e as quantidades utilizados nos seus produtos seguem rigorosamente os limites estabelecidos pela Anvisa e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Já a AmBev informou que a PepsiCo faz parte da Associação Americana de Bebidas, que se posicionou oficialmente:

Isso não é nada mais que uma tática de pavor do CSPI e suas afirmações são ultrajantes. A ciência simplesmente não mostra que o 4-MI em alimentos ou bebidas seja uma ameaça à saúde humana. Na verdade, dados de agências reguladoras em todo o mundo, incluindo o FDA, a Autoridade Europeia de Saúde Alimentar e a Saúde Canadá consideram o corante caramelo seguro para uso em alimentos e bebidas. O CSPI alega fraudulentamente que está operando em interesse da saúde pública, quando está claro que sua única motivação é assustar o povo americano, acusou a associação.