BRUNA FANTTI RIO DE JANEIRO, RJ – A Polícia Militar usou gás de pimenta para dispersar uma aglomeração de torcedores brasileiros que provocavam os argentinos na avenida Maracanã, próximo à saída do estádio. Houve correria e fuzileiros navais foram chamados para o local. A PM fez um cordão de isolamento para que os argentinos pudessem sair das cercanias do Maracanã rumo à estação de metrô São Francisco Xavier. Mas, após passar o cordão, torcedores entraram em conflito –um grupo de cinco brasileiros partiu para cima de um argentino que respondeu às provocações. Eles trocaram socos e foram dispersados pela polícia, que usou cassetetes e deteve o argentino e um dos brasileiros.

Cerca de 50 homens da cavalaria chegaram ao local pouco após o fim da partida. As provocações começaram logo após o gol alemão. Assim que acabou a decisão, cerca de 80 torcedores argentinos que estavam no Bar Delta, um dos pontos de acesso ao Maracanã, deixaram o local perplexos e calados. Nesse momento, brasileiros que passavam de carro começaram a provocar os argentinos. Dois PMs fardados também imitaram o gesto de choro, com as mãos no rosto, diante dos argentinos. Um dos torcedores argentinos respondeu: “Pelo menos não passamos o vexame que vocês passaram; perdemos com raça”.

Sergio Orita, 57, que havia comprado ingresso de cambista por US$ 1.500 e não conseguiu entrar, porque o ingresso só permitia o acesso de idosos acima de 65 anos, saiu triste do bar. “É muito doloroso, estou sem rumo.” A sensação de desespero tomou conta de Luan Carrero. Ele estava no bar desde às 9h cantando as músicas da torcida argentina. Após ver a derrota, ele se deitou no meio da rua São Francisco Xavier, parando o trânsito. Teve que ser retirado por PMs. “Deixe-me morrer”, gritava Carrero. Enquanto deixavam o estádio, os torcedores argentinos foram provocados por brasileiros que exibiam as páginas da Alemanha no álbum de figurinhas da Copa e cantavam “você pagou com traição / a quem sempre lhe deu Terreirão”, em referência ao local público cedido pela Prefeitura do Rio para abrigar caravanas argentinas.