LUCAS VETTORAZZO RIO DE JANEIRO, RJ – O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou na manhã desta quarta-feira (2) que a Copa no Brasil é um “sucesso” e que os receios de que haveria problemas durante o Mundial não se confirmaram. Para Blatter, “nada está errado. Tudo está correndo bem”. “Eu só não diria perfeito porque a perfeição não existe”, disse.

Blatter participou ao lado do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, da abertura do III Seminário de Gestão Esportiva, organizado pela FGV, no auditório da Maison de France, no centro do Rio. O dirigente agradeceu ao povo brasileiro que, segundo ele, aceitou a Copa, mesmo com o clima de insatisfação social antes de a competição acontecer.

Ele aproveitou para lembrar que não houve protestos muito grandes contra a Copa, a exemplo do que ocorreu na Copa das Confederações. “Essa é minha vigésima Copa e posso dizer que é um grande sucesso. Vamos cruzar os dedos para que os jogos continuem no mesmo padrão. Onde está a insatisfação social? Onde estão os grandes protestos? Eu preciso cumprimentar o povo brasileiro que aceitou a Copa”.

Enquanto Blatter discursava, um grupo de pouco mais de dez manifestantes fazia um protesto contra a Fifa. Fantasiados e com faixas contrárias à Fifa, os manifestantes dançavam quadrilha e gritavam “fora a quadrilha da Fifa”. Um contingente grande de policiais, com pelo menos quatro viaturas do Batalhão de Choque e cerca de 30 policiais com roupas reforçadas, estava posicionado na entrada do prédio onde ocorria o seminário.

Tanto Aldo quanto Blatter deixaram o seminário por uma saída lateral do prédio. Não houve tumultos. Sem apresentar números, Blatter fez um balanço parcial do Mundial e foi só elogios à Copa no Brasil. Os estádios também foram elogiados. “Os jogos estão ocorrendo em estádios magníficos. O que foi feito nas cidades-sede é algo excepcional.”

Blatter elogiou ainda a maneira como a população brasileira lida com o futebol que, para ele, se assemelha a uma religião. Em sua avaliação, essa relação de amor com o esporte tem contribuído para o sucesso da Copa. “O futebol pode ser mais que uma religião [no Brasil] e isso contribui muito para o Mundial. A Fifa está feliz de participar disso”, afirmou.

Sobre as zebras e desclassificações de seleções tradicionais, Blatter disse que não há mais “nações dominantes no futebol”. Em sua avaliação, o nível do futebol apresentado aumentou, o que não impede que erros sejam cometidos pelos jogadores e pela arbitragem. “Houve surpresa no campo de jogo. Não há mais nações dominantes. Isso está acabado. Todas as seleções estão no mesmo nível. Não me diga que o nível não cresceu. O futebol é ótimo, mas não é perfeito porque é jogado por seres humanos que cometem erros”, disse.

Blatter não fez críticas ou comentários sobre problemas, como invasão de estádios e problemas com cambistas e roubos de ingressos. O dirigente rebateu apenas uma polêmica que está sendo levantada na Europa sobre o sistema antidoping da Copa. Atualmente, diante de o Brasil não ter um laboratório credenciado para o serviço, a Fifa está enviando amostras de urina e sangue de jogadores de avião até um laboratório na Suíça.

Segundo Blatter, até o momento nenhum teste deu positivo para doping durante esta Copa. De acordo com o dirigente, autoridades europeias estão questionando o fato de os jogadores estarem disputando partidas no calor e na umidade brasileira sem terem problemas e mesmo assim sem serem pegos com substâncias não permitidas.

O cartola disse esperar que um laboratório do tipo fique pronto para a Olimpíada de 2016. Blatter deixou o local sem falar com os jornalistas, mas antes, durante seu discurso, comemorou o fato de novas ligas de futebol profissional terem sido criadas na China e na Índia e destacou a importância da melhoria na administração de campeonatos locais. “Eu uso muito uma expressão em francês que diz: ‘traga a governança do futebol ao nível acadêmico'”, afirmou, ignorando o fato de a entidade ter o mesmo presidente desde 1998.