LÍGIA MESQUITA E CARLOS CECCONELLO ENVIADOS ESPECIAIS BELO HORIZONTE, MG – Os torcedores alemães que assistiram ao vivo à goleada de sua seleção contra o Brasil estavam incrédulos na saída do Mineirão. “Parece que estou em um sonho. É algo inacreditável”, afirma o administrador Peter Beck, 26, de Hanover. Ele, que morou um ano no Rio e fala português, não estava completamente feliz com a vitória histórica. “Amo o país de vocês. Não dá pra entender o que aconteceu, essa seleção não merecia isso. O Brasil ainda é superior à Alemanha no futebol.” Seu amigo, o engenheiro Franz Schalleh, 26, elogiou o comportamento dos brasileiros no estádio. “As pessoas nos abraçaram, nos cumprimentaram. Só o povo brasileiro é assim”, diz ele, que não viu as agressões sofridas por alguns de seus compatriotas sofreram durante o jogo. Segurando uma reprodução da taça de campeão da Copa do Mundo, o gerente de marketing Joerg Ferchlandt, 45, de Wiesbaden, no sul da Alemanha, não sabia explicar o que acabara de ver em campo. “Quando nós fizemos 1 a 0, saí pra comprar uma cerveja. Quando eu voltei, estava 4 a 0. Nunca alguém que acompanha futebol podia imaginar uma derrota assim do Brasil. Eu tinha certeza que o jogo ia terminar nos pênaltis”. Os alemães começaram a deixar o Mineirão uma hora após o término da partida, quando a maioria dos brasileiros já tinha ido embora. O policiamento foi reforçado em todas as saídas do estádio. Aproveitando que não estava sendo hostilizado por nenhum brasileiro, o empresário Max, 46, de Dusseldorf, que pediu para não ter o sobrenome divulgado, era um dos poucos a realmente comemorar com vontade a vitória sobre o Brasil. “Hoje foi nossa revanche da final da Copa de 2002! Entramos para a história, foi inesquecível!” Os irmãos Mo, 42, e Carsten Bache, 45, bancários, diziam que “nem em um sonho” haviam imaginado ganhar de 7 do Brasil. “Consigo entender o que os brasileiros estão sentindo. Nem a gente acreditou no que viu”, afirma Carsten. “Sabemos como é ser eliminado em casa. Perdemos para a Itália, nossa maior rival, em 2006.”