ITALO NOGUEIRA, SERGIO RANGEL E RAFAEL REIS RIO DE JANEIRO, RJ – O presidente da Fifa, Joseph Blatter, elegeu a luta contra a discriminação racial como um dos desafios da organização da próxima Copa do Mundo, em 2018, na Rússia. Entrevista coletiva de encerramento do Mundial, nesta segunda (14), no Rio, reuniu também o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, e o ministro do Esporte, Aldo Rebello. Blatter afirmou que já conversou com o presidente do próximo país-sede do torneio e recebeu de Vladimir Putin a promessa de combater o racismo. “Não fiquei muito feliz com a forma como temos lutado contra o racismo. Falamos ontem com o presidente Putin e ele concordou que temos que lutar contra a discriminação racial para 2018”, disse o dirigente. A Rússia é um dos países europeus que mais sofre com episódios de racismo dentro dos estádios de futebol. Sua seleção está com a perda de seis pontos nas eliminatórias da Euro-2016 congelada devido a um caso de discriminação racial. Caso um novo episódio de racismo, semelhante aos registrados na competição em 2012, aconteça, a equipe terá de pagar essa sanção. O país tem ainda uma lei, aprovada no ano passado, que proíbe manifestações e a promoção da homossexualidade na Rússia. Segundo Putin, ela é importante porque o país precisa se purificar da homossexualidade se quiser aumentar sua taxa de natalidade. CRISE DO RACISMO A passividade da Fifa no tratamento das questões de discriminação na Copa do Mundo-2014 gerou uma saia justa dentro da própria entidade. O chefe da força-tarefa contra racismo e discriminação da Fifa e vice da entidade, Jeffrey Webb, criticou publicamente a reprovação de um projeto que visava espalhar pelos estádios vigias para monitorar comportamentos discriminatórios da torcida. O comitê disciplinar da Fifa abriu apenas um procedimento disciplinar por casos de discriminação neste Mundial. Mas após a analisar o grito de “puto” (homossexual) proferido pela torcida do México antes da cobrança do tiro de meta de todos goleiros adversários, decidiu não punir a seleção azteca. “A torcida usou palavras pouco apropriadas, mas não foi um insulto a um determinado jogador, por isso não consideramos como algo passível de punição. São palavras ofensivas, mas não havia vontade de insultar alguma pessoa em específico”, disse o presidente do comitê Claudio Sulser. O grupo recebeu ainda mais duas denúncias de atos discriminatórios. As torcidas da Croácia e da Rússia foram acusadas de levarem às arquibancadas cartazes com símbolos neonazistas e mensagens de apoio à xenofobia. Em ambos os casos, não foi aberto nenhum procedimento disciplinar. “Como a gente pode punir os croatas se nem temos como saber se foram eles que levaram a bandeira ao estádio? É difícil determinar quem é quem em um estádio de Copa. A bandeira estava atrás da torcida brasileira, como vamos saber quem entrou com ela?”, adicionou Sulser. MARIN Presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do COL (Comitê organizador da Copa), José Maria Marin, preferiu não participar do evento de hoje. Depois da final do Maracanã, ele seguiu para São Paulo. O dirigente não escondeu a irritação com o tratamento destinado pela Fifa. Ele recebeu da entidade 20 ingressos para a decisão. Já Joana Havelange, diretora do COL, ganhou uma cota maior. Joana é neta de João Havelange e filha de Ricardo Teixeira, ex-comandante da CBF. Marin foi representado na entrevista pelo CEO do COL, Ricardo Trade.
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