No dia 25 de junho de 1950, quando Curitiba recebeu sua primeira partida de Copa do Mundo com a Espanha encarando os Estados Unidos na Vila Capanema, dois pequenos clubes da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) também entraram para a história. Naquela tarde de domingo, para distrair o público que começou a entrar no estádio às 11 horas — a partida entre espanhóis e americanos era apenas às 16 horas —, o Internacional de Campo Largo e o União da Lapa, fizeram uma partida preliminar no estádio lotado: 9.311 afortunados acompanharam as partidas, pagando pelo ingresso nas cadeiras cobertas 120 cruzeiros, um terço do salário mínimo da época.
Cinquenta e quatro anos após o confronto vencido pelo time campo-larguense por 1 a 0, Internacional e União mantém suas histórias vivas. O primeiro, que completa 69 anos de vida no próximo dia 30 de maio, foi campeão da Taça Paraná em 2013 e campeão Sul Brasileiro Amador em 2011. O segundo, que comemorou seus 76 anos de história no dia 21 de abril, destaca-se pelos grandes jogadores que já vestiram a camisa alvirrubra. Nomes como o goleiro Lal, que jogou na década de 1960 junto com Pelé no Santos, o atacante Patesko, jogador de origem polonesa que fez carreira no Botafogo (RJ) e foi titular do Brasil nas Copas de 1934 e 1938, e o zagueiro Márcio Batatinha, que jogou pelo Coritiba entre 1987 e 1995. Hoje, inclusive, o clube lapeano é presidido pelo irmão de Batatinha, Luiz Carlos Castilho Good.
Contudo, essa parte importante da história do futebol paranaense se vê ameaçada. Vivendo no amadorismo, Internacional e União enfrentam dificuldades para manter suas atividades. A situação do time lapeano é a mais crítica. Sem grande apoio público e do empresariado local, o clube luta para manter seu patrimônio e continuar em atiivdade.
O futuro de time amador é complicado. A gente sofre, luta para sobreviver. Não temos praticamente nenhuma ajuda, afirma Luiz Carlos. Hoje, as principais rendas do clube são as mensalidades pagas pelos jogadores do time (R$ 40) e o faturamento com o bar e restaurante em dias de jogo em que o time não cobra ingressos de quem vai ao Estádio da Saudade. Sempre existe o risco do clube ser extinto. A gente vê quantos clubes amadores já desapareceram pela falta de ajuda. Nós estamos sempre batalhando para que isso não aconteça com o União.
A situação do Internacional, embora não seja tão crítica quanto a do time da Lapa, também inspira cuidados. A principal dificuldade é a arrecadação. Para fazer qualquer coisa tem de bancar do próprio bolso, então tem que ter alguém apadrinhando, diz Nelson Schepiura, que foi secretário do Inter por 17 anos.
Para sobreviverem, os dois clubes apostam em projetos sociais e no apoio da própria sociedade. Estamos tentando junto com a prefeita e deputados aprovar projetos sociais para arrumarmos o patrimônio do clube. Sempre falo no meu discurso que o União é um patrimônio da Lapa. É um clube vencedor, o maior detentor de títulos da cidade e o mais antigo. Durante o ano, mesmo quando não tem campeonato, oferece aos lapeanos opção de lazer no final de semana, oferece durante o ano seu campo para os alunos de escolas municipais treinarem, afirma Luiz Carlos.
Nelson, por sua vez, destaca a importância das escolinhas de futebol para os jovens campo-larguenses. O Internacional é o mais importante de tudo. Hoje tem escolinha de futebol, que faz você conseguir tirar a garotada da rua e dar uma ocupação para eles. Se todos os clubes tivessem essa condição, tiraríamos muita gente da rua, argumenta.