Na Copa do Mundo, enquanto uns ganham, outros perdem. Tanto dentro quanto fora do campo. Na região da Pedreira Paulo Leminski, onde acontece o Fifa Fan Fest, quem trabalha com turismo reclama do prejuízo. Já quem tem lanchonete ou um estacionamento na área comemora — e muito — com o Mundial, mesma situação de diversos bares de Curitiba.
Na região da Fifa Fan Fest, que é realizada na Pedreira Paulo Leminski, a situação é complexa. Alguns comerciantes culpam a retranca promovida pela Fifa pelos maus resultados nestas duas semanas. Desde o início do evento, no dia 12 de junho, até o final dele, em 13 de julho, a Rua João Gava, que dá acesso à Pedreira e à Ópera de Arame, ficará com acesso restrito. Quem vivia do turismo acabou saindo atrás no placar. E o prejuízo, até aqui, é grande. Para alguns, o movimento teve queda de até 70%.
Dono do Curitibart, Glauco Salvaro vive, principalmente, do movimento turístico. Com as mudanças por conta da Copa, precisou se adaptar e jogar em outra posição. Hoje, em vez das lembrancinhas turísticas, vende, principalmente, cerveja. Ainda assim, é pouco para garantir os três pontos. O pessoal que vem na Fan Fest não quer gastar. Quem tem dinheiro vai num bar, onde a bebida é mais barata, o atendimento é melhor e tem mais conforto, afirma, lembrando que a cerveja dentro da Pedreira Paulo Leminski custa R$ 6. Ainda assim, há turistas que reclamam que a bebida vem quente.
Gláucio Schwonka, dono do restaurante Dona Natália, corrobora com a tese do vizinho: Se cobrassem R$ 10 a entrada, ninguém vinha aqui. Para tentar virar o jogo, mudou um pouco o cardápio, que oferece, principalmente, comidas regionais para os turistas. Agora, ele faz também pratos executivos. Ainda assim, lamenta o fato de que o movimento de junho, que costuma ser a melhor época do ano para o turismo, será fraco. Para piorar, o feriado de Corpus Christi, o último prolongado do ano, deixou a desejar. Não tivesse as ruas fechadas, o movimento teria sido melhor, aponta.
Os comerciantes estão sofrendo muito. Nós tentamos conversar, mas os responsáveis pelo bloqueio dizem que não podem fazer nada, que é protocolo da Fifa. Eles até relaxaram um pouco nos últimos dias. Antes, só passava pela polícia quem tinha pulserinha. Eu mesmo quis um dia comprar cigarro e só pude passar pelo bloqueio policial do lado do restaurante sendo escoltado por um policial.
Vendo o drama dos comerciantes, os responsáveis pelo bloqueio policial na região afrouxaram as regras. Se você resolver, por exemplo, almoçar no restaurante Dona Natália ou jantar no Mangiatto Bene, os policiais liberaram o acesso. Falta, porém, informação. A maioria dos clientes não sabe que pode acessar a área e, assim que veem o bloqueio policial, mudam o trajeto.
O pessoal, assim que vê a polícia, vai embora. E não temos como avisar os clientes. Os que ligam aqui a gente explica que é só falar que vai vir no restaurante que eles liberam o acesso, mas são poucos os que ligam para a gente para saber. Estamos aqui h 15 anos, é ruim ficar sem trabalhar, lamenta Nélito Simão, dono do restaurante Mangiatto Bene. O estabelecimento, inclusive, deixou de faturar no Dia dos Namorados. Como a data (12 de junho) coincidiu com abertura da Copa, já havia bloqueio policial na região. Em 2013, foram vendidas 70 mesas. Neste ano, foram menos de 15.
Evento da Fifa trouxe turistas, festa e eventos, mas também exigiu restrições que prejudicam alguns setores