A goleada de 7 a 1 para a Alemanha não é o fundo do poço para o futebol brasileiro. Mas o país não pode perder essa oportunidade de rever conceitos e reformular seu esporte. Seguem sete sugestões para a recuperação do futebol no Brasil.
1 – LIMPA NA CBF
A Confederação Brasileira de Futebol perdeu sua credibilidade há décadas, seja por escândalos de corrupção ou por sua política obscura. Toda a diretoria precisa ser trocada. A entidade deve ser administrada de forma profissional e por pessoas com credibilidade.
2 – CRIAÇÃO DE UMA LIGA
É o modelo europeu: a liga (comandada pelos clubes) cuida dos campeonatos nacionais e a federação administra as seleções (principal e de base).
3 – APOSTAR EM NOVOS TÉCNICOS
A Alemanha colhe os frutos de ter apostado em Joachim Löw, que em 2004 era um técnico de pouco destaque, mas com muitas ideias novas. Técnicos veteranos estão fracassando no futebol atual – só vencem quando contam com elencos fantásticos ou quando os adversários falham. A dinâmica intensa do futebol atual exige novas ideias, coragem e um ritmo alucinante de trabalho.
4 – FIM DO IMEDIATISMO
O Brasil não possui mais um estilo de jogo, nem nos clubes, muito menos na seleção. Tudo porque é pautado apenas pelo resultado imediato. Só é possível criar um estilo criativo de jogo com meses de trabalho em um clube. Na seleção, é preciso ainda mais tempo – anos. É o que Joachim Low teve na seleção da Alemanha e Alex Fergunson no Manchester United. Demitir técnicos por causa de resultados é infantilidade e populismo. É preciso colocar o desempenho em primeiro lugar e tratar o resultado como consequência de um trabalho a longo prazo.
5 – REVOLUÇÃO NAS CATEGORIAS DE BASE
As categorias de base não podem ser apenas uma fonte de renda dos clubes. Os garotos são tratados como produtos tipo exportação. A prioridade é vender para o mercado europeu o mais rápido possível. Não há preocupação em formar um atleta competitivo, para vencer títulos no próprio clube. Outro erro absurdo é exigir resultado de campo dos times sub-20, sub-17… Ganhar a Copa São Paulo ou a Taça BH não garante a formação de bons talentos. É preciso priorizar os treinos de fundamentos na base e deixar os resultados em competições em segundo plano. Para completar, o estilo belga de formação serve como exemplo. Os clubes da Bélgica fizeram um acordo para formar apenas atletas com as mesmas características – todos tinham que se encaixar no esquema tático 4-3-3 (pontas habilidosos e centroavantes, por exemplo). Em pouco tempo, as seleções do país (a principal e as de base) viraram uma potência.
6 – ADMITIR QUE HÁ UMA CRISE
Brasileiro é humilde em tudo, menos no futebol. A frase é de Paulo Roberto Falcão.
Enquanto os comandantes do futebol seguirem arrogantes, acomodados porque o Brasil tem cinco títulos mundiais, não teremos mudanças estruturais.
7 – PROFISSIONALIZAÇÃO DA IMPRENSA ESPORTIVA
Ser remunerado e ter diploma não significa nada se a postura for amadora. É preciso abandonar o sensacionalismo e o populismo. São vícios que contribuem para o imediatismo no futebol, já que os dirigentes brasileiros costumam ceder à pressão da imprensa esportiva. O sensacionalismo incentiva o pior lado da rivalidade clubística – que é sinônimo de violência. O jornalista também é responsável pela qualidade do esporte.
Silvio Rauth Filho é jornalista, editor de Esportes do Bem Paraná